12 espécies escondidas nas profundezas do oceano Atlântico

23 de Fevereiro 2021

Projeto europeu descobriu 12 novas espécies no mar profundo do oceano Atlântico. E quatro delas estão nos Açores.

O oceano é o maior e o menos explorado lugar do planeta – menos de 5% da sua extensão é conhecida. Não é, por isso, de admirar que, de vez em quando, se descubram espécies novas nas suas profundezas.

No final de janeiro, o Observatório do Mar dos Açores revelava que o projeto europeu ATLAS tinha descoberto 12 novas espécies de briozoários, moluscos e cnidários no mar profundo do Atlântico Norte.

O cnidário Epizoanthus martinsae, que coloniza os esqueletos de corais negros dos Açores, foi uma das novas espécies descobertas, tendo sido encontrado no canal entre as ilhas do Faial e do Pico, a cerca de 360 metros de profundidade. O nome da espécie foi atribuído em homenagem à norueguesa Helen Martins, investigadora jubilada que se estabeleceu na cidade da Horta, na ilha do Faial, em 1976.

Legenda Fotografia
Epizoanthus martinsae

A investigadora Marina Carreiro Silva, do centro de I&D da Universidade dos Açores IMAR/Okeanos, líder do estudo no arquipélago, referiu que “A descoberta de novas espécies no mar profundo alerta para o desconhecimento que ainda existe sobre estes ambientes, numa era em que se estima que cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estejam hoje ameaçadas de extinção e que muitas irão desaparecer já nas próximas décadas”, admitindo que os “animais recém-descobertos podem estar já sob ameaça das mudanças climáticas”.

Financiado por fundos europeus, o projeto ATLAS, que junta mais de 80 investigadores de países com fronteiras com o Atlântico Norte, realizou 45 expedições científicas em quatro anos, contribuindo assim para o conhecimento acerca dos ecossistemas do mar profundo do Atlântico Norte. Concluiu que “os ecossistemas do mar profundo estão altamente ameaçados”, tendo em conta que a circulação do Oceano Atlântico “abrandou consideravelmente nos últimos 150 anos devido às alterações climáticas”.

As descobertas que realizaram indicam também que “o aquecimento do oceano, a acidificação e o decréscimo de alimento podem alterar drasticamente a disponibilidade e localização de habitats adequados para corais de águas frias e peixes de profundidade de importância comercial até ao ano de 2100″.

Tendo em contas as ameaças deste importante ecossistema, o coordenador do projeto ATLAS, J. Murray Roberts, professor do departamento de Geociências da Universidade de Edimburgo, considera que o desafio para a próxima década é “pegar nestes novos conhecimentos sociais e científicos, e utilizá-los para criar melhores políticas e planos para atividades humanas no oceano verdadeiramente sustentáveis.”

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