A União Internacional para a Conservação da Natureza atualizou a sua Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas. Há, atualmente, 46.337 espécies em risco de extinção. As árvores mereceram o principal alerta por parte da organização.
Cerca de 38% das espécies de árvores do mundo – mais de uma em cada três – está em risco de extinção. Esta percentagem alarmante consta da primeira Avaliação Global de Árvores (Global Tree Assessment) feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O relatório foi divulgado juntamente com a recente atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.
Pela primeira vez, o estado de conservação da maioria das árvores do mundo conhecidas foi avaliado e inserido na Lista Vermelha da IUCN, onde representam mais de um quarto das espécies. O estudo avaliou 47.282 espécies de árvores e concluiu que 16.425 estão ameaçadas: este número é mais de duas vezes superior ao número total de espécies ameaçadas de aves, mamíferos, répteis e anfíbios.
As árvores desempenham um papel essencial para a sobrevivência dos ecossistemas e das pessoas. Elas regulam o clima, sustentam os ciclos de carbono e água, formam o solo e abrigam milhares de outras espécies de plantas, fungos e animais. Mais de cinco mil espécies de árvores são usadas para produção de madeira, e mais de duas mil fornecem matéria-prima para alimentos, medicamentos e combustíveis. A extinção destas espécies pode desencadear um efeito cascata, comprometendo a biodiversidade e as atividades que dependem das florestas, alerta a IUCN. A deflorestação, impulsionada pela agricultura e o desenvolvimento urbano, o aumento de espécies invasoras e as alterações climáticas são as principais ameaças às árvores.
O relatório destaca a importância de restaurar os ecossistemas florestais, não só em favor da conservação da biodiversidade, mas também como forma de mitigar a crise climática.
Ouriço-cacheiro em destaque pelos piores motivos
Além das árvores, a organização destacou a alteração do grau de ameaça do ouriço-cacheiro europeu (Erinaceus europaeus). Se anteriormente a espécie estava classificada como “Pouco Preocupante”, agora passou para “Quase Ameaçado”. Este pequeno mamífero viu a sua população decrescer entre 16% a 33%, na última década, em mais de metade dos países onde vive.
Os principais fatores que estão a contribuir para este declínio, alerta a IUCN, incluem a intensificação da atividade agrícola – que se traduz em perda de habitats –, a expansão urbana e a construção de estradas. Embora o ouriço-cacheiro ainda não se encontre nos estatutos de ameaça de extinção mais graves, a sua nova classificação sinaliza que, sem ações de conservação rápidas, o risco irá aumentar.