Teresa Soares David, Investigadora Doutorada em Engenharia Florestal, considera que só o conhecimento técnico-científico poderá ajudar a desmitificar perceções incorretas sobre a floresta de eucalipto.
As florestas plantadas de eucalipto têm e continuarão a ter no futuro, na minha perspetiva, um importante papel na criação de valor económico, social e ambiental. É fundamental que se continue a investir no ordenamento do território, no planeamento alargado à escala da paisagem e na gestão sustentável, com práticas adequadas às diversas condições de clima e solos. Há que procurar contornar as dificuldades de gestão inerentes ao cadastro ainda insuficiente, à elevada fragmentação da propriedade maioritariamente privada, promovendo o associativismo, e continuar a apostar na certificação florestal.
As florestas plantadas de eucalipto estão na base de uma cadeia de valor que gera riqueza para o país e emprego, possibilitando um rápido retorno do investimento aos proprietários florestais. Alimentam as indústrias de pasta e papel, que muito têm investido na implementação de boas práticas e na inovação, e estão na origem de novos bioprodutos que reduzem a dependência de recursos fósseis e contribuem para a descarbonização da economia. Estas florestas desempenham também um importante papel no sequestro do carbono atmosférico, contribuindo para a mitigação do impacto das alterações climáticas.
Apesar do valor gerado por estas florestas nas suas múltiplas dimensões, continua a existir alguma dificuldade de aceitação social, sobretudo a nível ambiental, refletida em perceções desfavoráveis. Algumas dessas perceções têm origem em mitos, outras no desconhecimento sobre a espécie e na não distinção entre o efeito da espécie e da silvicultura praticada em florestas de produção intensiva, na observação de situações de abandono do território, de inadequado planeamento e/ou deficiente gestão florestal.
Só o conhecimento técnico-científico poderá, por um lado, ajudar a desmitificar perceções incorretas e, por outro, a fundamentar práticas de gestão florestal que permitam mitigar os impactos negativos, promovendo a aceitação social das florestas plantadas de eucalipto e a adaptação da fileira a novos desafios ambientais e económicos. É fundamental que o conhecimento gerado seja disseminado, em tempo útil e em diferentes fora, adotando estratégias adaptadas a cada público recetor.
Neste contexto, o Fórum do Eucalipto surge com o objetivo de reunir e partilhar conhecimento sobre a floresta nacional e a floresta plantada de eucalipto em particular. Reuniu especialistas das universidades, organismos de investigação, setor produtivo e industrial, e outros elementos da sociedade civil para, em diferentes workshops, refletirem sobre a forma como a sociedade perceciona e valoriza o papel destas florestas, a importância da investigação, inovação e da gestão sustentável para a sociedade e para a economia, a forma como a educação, cultura e partilha do conhecimento poderão atrair pessoas para a floresta.
A minha experiência nesta iniciativa foi muito enriquecedora e desafiante. Permitiu-me conhecer as diferentes perceções sobre o eucalipto e as florestas plantadas, ter uma visão mais abrangente sobre os constrangimentos que limitam o seu potencial, as oportunidades e soluções preconizadas para os superar, conhecer o excelente investimento da indústria na investigação e inovação, e o esforço na promoção de uma gestão responsável. A participação, como membro do Conselho Científico, na análise e validação de conteúdos preparados para divulgação pelo Conselho Editorial da The Navigator Company foi um enorme desafio, muito gratificante em termos profissionais e pessoais.
Teresa Soares David, Investigadora Doutorada em Engenharia Florestal, Membro do Conselho Científico do Fórum do Eucalipto