Dormência: quando as árvores decidem “desligar”

21 de Outubro 2025

Os dias com menos luz e a descida da temperatura dão o sinal: no início do outono, as árvores preparam-se para entrar em dormência. É essa estratégia que lhes permite sobreviver aos meses mais frios e “acordar”, na primavera, prontas para um novo ciclo de crescimento.

Viver em climas temperados tem os seus encantos, mas também implica grandes desafios. Enfrentar condições radicalmente diferentes de clima, entre os meses mais quentes e os meses mais frios do ano, é um deles.

As árvores encontraram estratégias de sobrevivência que lhes permitem resistir a essas variações consideráveis de temperatura e de horas de luz. Uma delas é a dormência, que as faz entrar, no início do outono, numa espécie de sono programado, que se prolonga até ao início da primavera.

À medida que os dias de outono se vão tornando menos luminosos, a capacidade de as árvores realizarem a fotossíntese vai diminuindo e fazendo com que entrem nesse período de dormência. A atividade celular passa a ser mínima, a necessidade de absorção de água e nutrientes fica radicalmente reduzida, e a árvore passa a viver da energia armazenada nos seus tecidos.

Neste período, o crescimento é interrompido e o metabolismo reduzido, ficando as funções vitais limitadas aos mínimos. No caso das árvores de folha caduca, a entrada na dormência de inverno faz-se acompanhar também pela mudança da cor das folhas e, por fim, pela sua queda – a chamada senescência foliar.

Em sentido contrário, à medida que as temperaturas vão subindo, no final do inverno, as árvores vão gradualmente despertando deste “sono”. Novas folhas surgem nos seus ramos, as raízes tornam-se mais fortes, nascem flores e frutos e a fotossíntese volta a fazer-se em força. Até ao início do outono seguinte.

O clima de cada região condiciona as entradas e saídas dos ciclos de crescimento/dormência. Em latitudes com invernos mais longos, ou quando crescem em altitudes mais elevadas, as árvores entram mais cedo em dormência e mais tarde em fase de crescimento.

Qual o sinal para desligar? 

Em grande parte das espécies, é a diminuição da exposição à luz solar, com os dias cada vez mais curtos, que desencadeia todos os processos que conduzem ao estado de dormência – as temperaturas são uma variável com flutuações consideráveis de ano para ano, o que faz deste um indicador menos fiável.

Quando uma árvore suspende o crescimento e entra em dormência, isso não significa que não existam, nesse momento, condições para continuar a crescer. Significa, sim, que antecipa essa falta de condições e começa, no tempo certo, a preparar-se para essa fase.

Acordar em segurança

O sistema é tão afinado que protege as árvores de falsos alarmes no momento de sair da dormência. Estas não se deixam “enganar” por eventuais sinais exteriores passageiros, que poderiam levá-las a despertar demasiado cedo do seu sono sagrado.

Durante o período de dormência, mantêm-se imunes a estímulos fora do tempo, como aumentos esporádicos de temperatura. Dessa forma, garantem que os rebentos não despontam prematuramente.

É a combinação entre o aumento das temperaturas e o número de dias seguidos em que se verifica que dita o “acordar” das árvores. Quando as temperaturas são mais elevadas de forma consistente e os dias se tornam progressivamente maiores, a dormência encurta.

O equilíbrio entre os ciclos de crescimento e de dormência das árvores é uma expressão fascinante da sabedoria da natureza e da sofisticação das estratégias de sobrevivência das espécies.

Durante o período de dormência, as árvores mantêm-se imunes a sinais fora do tempo, como aumentos esporádicos de temperatura. Garantem, assim, que os rebentos não despontam prematuramente.