Árvores que dão arrepios

30 de Outubro 2025

São símbolos de vida, força e sabedoria. Guardiãs dos ecossistemas e inspiração de lendas. Mas as árvores também podem ser um susto – e o Halloween é o momento perfeito para as conhecer. Prepare-se: a natureza também sabe meter medo.

“Tenha medo, muito medo!” – a frase icónica do cinema de terror serve como pré-aviso: a natureza, quando quer, também sabe criar cenários inquietantes. Se as abóboras e fantasmas já não assustam ninguém, talvez seja hora de mergulhar na floresta e olhar para as árvores com outros olhos…

Árvores que sangram 

Há árvores que escondem um segredo inquietante. À primeira vista, o tronco parece perfeitamente normal, mas basta um corte para revelar uma seiva de vermelho intenso, escorrendo como se fosse sangue. A imagem é impressionante – quase perturbadora –, mas tem uma função vital: esta “hemorragia” natural permite às árvores cicatrizar e recuperar de forma muito eficiente. Entre as espécies que exibem esta característica encontram-se a árvore-de-sangue (Pterocarpus angolensis), o dragoeiro ou sangue-de-dragão (Dracaena cinnabari) e a sangra-d’água (Croton urucurana).

Espinhos, seiva tóxica e frutos que explodem

A árvore-do-diabo (Hura crepitans), nativa das florestas tropicais da América do Sul e Central, encontrou uma estratégia bastante convincente para afastar contactos indesejáveis: um tronco coberto de espinhos longos e aguçados, que desencorajam qualquer tentativa de aproximação. Mas isso é apenas o começo. A sua seiva é altamente tóxica e os seus frutos, parecidos com pequenas abóboras, explodem quando estão maduros, lançando sementes a mais de 100 metros de distância. O som, como de uma pequena explosão, é assustador, mas a projeção das sementes pode mesmo magoar pessoas ou animais que estejam nas proximidades. No Brasil, não por acaso, é conhecida como “árvore-dinamite”.

Árvores que andam também podem correr? 

Também da América Central e do Sul, chega-nos a Socratea exorrhiza, cujas raízes se elevam vários metros acima do solo, dando-lhe a aparência de uma árvore com várias pernas. Essa forma peculiar alimentou a crença de que a “palmeira-andante” se desloca em busca de luz. A ciência, contudo, parece já ter posto de parte essa ideia. Ainda assim, imaginá-la a correr atrás de nós pode bem provocar pesadelos.

Raízes como dedos para nos agarrar

O cipreste-dos-pântanos (Taxodium distichum) – uma conífera originária do sudeste dos Estados Unidos da América – dá-se bem em zonas alagadas e pantanosas. Cenários que podem causar arrepios por si só. Mas o verdadeiro susto está junto ao solo: se nos aproximarmos o suficiente, descobrimos as suas raízes medonhas, que, saindo da água ou da terra, lembram dedos ou mãos, como se tentassem agarrar quem passa. São os pneumatóforos – raízes especializadas que permitem à árvore captar oxigénio e manter-se estável em terrenos enlameados.

Frutos comestíveis ou uma doença esquisita? 

Na jabuticabeira (Plinia cauliflora), nativa do Brasil, os frutos não crescem nas pontas dos ramos, mas diretamente no tronco e nos ramos mais grossos. O resultado é um aspeto estranho, e até assustador e repulsivo, quase como se a árvore estivesse coberta de bolhas escuras ou de uma doença misteriosa. Visualmente inquietante, sim. Perigosa? Nem por isso. As jabuticabas, doces e muito suculentas, são consideradas uma verdadeira iguaria.