Apesar dos sinais, dos avisos, das notícias, das campanhas e dos discursos políticos, a poluição por plástico continua a aumentar. Um relatório recente estima que a quantidade de plástico que entra nos oceanos deverá triplicar nos próximos 20 anos.
O alerta é dado por um relatório publicado recentemente na revista Science, que estima que a quantidade atual de plástico que chega aos oceanos é de 11 milhões de toneladas por ano, mas, se as tendências continuarem, aumentará para 29 milhões de toneladas até 2040. Se juntarmos a quantidade que acaba nos aterros, teremos um total de 1,3 mil milhões de toneladas de resíduos plásticos no meio ambiente. Algo que ocuparia cerca de quatro vezes a área de Portugal continental, se imaginarmos este plástico todo alinhado numa superfície plana.
As medidas anunciadas pela União Europeia, bem como declarações e promessas dos governos um pouco por todo o mundo, faziam supor uma tendência de diminuição. O parlamento europeu aprovou uma ampla proibição de plásticos de uso único, prometendo reciclar 90% das garrafas de plástico até 2025 e erradicar itens como palhinhas e cotonetes de plástico até 2021. Portugal publicou a Lei n.º 76/2019, de 2 de setembro, que determina a não utilização e não disponibilização de louça de plástico de utilização única nas atividades do setor de restauração e/ou bebidas e no comércio a retalho, com prazos de aplicação que começaram a 2 de setembro de 2020 e se prolongam até 2 de setembro de 2022, consoante os casos. E até a China anunciou que os sacos de plásticos seriam proibidos no país em 2022, e que os utensílios de plástico em lojas de comida para takeaway também seriam eliminados faseadamente.
No entanto, este relatório estimou que todos os esforços anunciados até agora apenas reduziriam os volumes projetados em 7% até 2040. “Todas as iniciativas até ao momento fazem pouca diferença”, disse Simon Reddy, Diretor Internacional de Meio Ambiente da Pew Charitable Trusts, entidade responsável pelo relatório. “Não existe uma solução mágica, não há nada que possa, simplesmente, ser aplicado – são necessárias muitas políticas novas. Precisamos de inovação e de mudança nos sistemas.”
O papel como umas das soluções
As mudanças recomendadas por este relatório incluem a redução do crescimento da produção e do consumo de plástico, redução das exportações de resíduos plásticos, expansão das taxas de recolha de resíduos em países mais pobres e substituição do plástico por papel e materiais compostáveis.
Destas medidas, substituir o plástico pelo papel tem um dos maiores potenciais de sucesso a longo prazo, dado que o papel tem origem numa matéria-prima natural e renovável. Com uma taxa de reciclagem europeia na ordem dos 72% – e que tem vindo a aumentar –, o papel e o cartão já têm montado um sistema de reciclagem altamente eficaz, sendo que a indústria do papel é também uma das mais sustentáveis do mundo.