O incenso e a mirra fazem parte do imaginário do Dia de Reis, mas, longe de serem apenas uma referência bíblica, estas resinas extraídas de duas árvores de pequeno porte continuam a ser muito usadas. Sabe o que são?
Baltazar chegou de África, levando mirra ao Menino Jesus, uma oferta reservada aos profetas. O rei Gaspar partiu da Índia com incenso, uma alusão à divindade do recém-nascido. E Belchior carregou ouro da Europa, que na altura era oferecido aos deuses.
No Dia de Reis, mais de 2000 anos depois, a tradição bíblica já não é o que era. Na maioria dos lares portugueses, a oferendas são trocadas a 25 de dezembro em vez de a 6 de janeiro, e, embora o ouro e o incenso sejam bem conhecidos, a maioria de nós já não sabe muito bem o que é mirra.
Tanto o incenso como a mirra são resinas extraídas de pequenas árvores que crescem em regiões desérticas ou semidesérticas de África e do Médio Oriente, onde são utilizadas contra bactérias e fungos em feridas. São reconhecidas desde tempos ancestrais as suas propriedades desinfetantes e analgésicas.
A mirra provém da espécie Commiphora myrrha, enquanto o incenso obtém-se a partir de várias espécies do género Boswellia.
Muito fragrantes, tanto são usadas nos cultos religiosos, como na perfumaria e na medicina tradicional. Os incensos são queimados há milhões de anos para aromatizar os ambientes, afastar insetos e, numa aceção mais espiritual, para desviar energias negativas.
Da mirra conhece-se a sua utilização como bálsamo medicinal, chegando a valer, na Antiga Roma, duas vezes o preço do ouro. Os egípcios utilizavam-na para encher os corpos, durante a mumificação. Razão por que o verbo mirrar ainda está ligado ao processo de perda de água.
Atualmente, a mirra é utilizada pela indústria farmacêutica e cosmética, como adstringente e antisséptico para o tratamento de feridas, em colutórios e pastas dentífricas. Diz-se ser eficaz a rejuvenescer a pele, tratar acne, aftas, úlceras e alergias cutâneas, podendo ser encontrada sob a forma de óleo, goma para queimar e repelente para insetos.
À sua maneira, o incenso e a mirra valem… ouro!