Patrícia Alves, designer e ilustradora, utiliza ferramentas digitais no seu trabalho, mas, garante, precisa sempre “de pôr as coisas no papel” primeiro. Assim, diz, o produto final tem “mais identidade”.
Formada em Design de Equipamento, Patrícia Alves, de nome artístico Bolota, descobriu o que verdadeiramente queria fazer quando começou a colaborar com um ateliê de ilustração. De designer de equipamento a ilustradora profissional, muita coisa mudou no seu trabalho, mas a relação íntima com o papel permaneceu. “Preciso sempre de pôr as coisas no papel para esboçar, desenhar, escrever, apagar, riscar, sublinhar, construir… Como se as ideias só se efetivassem quando estão em papel”, conta.
Quando passou a ilustrar profissionalmente, começou também a recorrer ao computador. “Na altura fazia vários livros escolares e o género de ilustração propiciava a utilização do computador como ferramenta. Desenhava sempre primeiro no papel e depois coloria no computador, o que facilitava muito a execução das ilustrações”, diz.
Reconhece que o computador é uma “ferramenta”, que tem a vantagem de já vir com “as matérias-primas incluídas”. E exemplifica: “Hoje é possível fazer em computador ilustrações que parecem aguarelas, acrílicos, pasteis ou carvão, usar texturas e transparências, filtros, etc.”. Mas, para si, será sempre “mais uma ferramenta”. Com o papel, nota, “o processo é totalmente diferente; é preciso mais tempo para pensar no que se vai fazer (não há ‘undo’), é preciso escolher o tipo de papel, testar os traços e as cores, repetir quando há erros e improvisar quando é preciso”.
Um trabalho mais moroso, mas, garante, muito mais gratificante e real. “No final, resulta um produto com mais identidade, com as suas texturas cobertas de riscos de carvão e camadas de tinta. O papel torna as ilustrações mais reais, como se tivessem vida própria.”