A floresta, sendo o principal sumidouro terrestre de CO2, é uma solução natural para uma economia de baixo carbono, capaz de mitigar os efeitos das alterações climáticas.
A importância das florestas nas metas de desenvolvimento sustentável é inegável. Não só contribuem para a criação de emprego e de riqueza, como mitigam as alterações climáticas através do sequestro de carbono, e é por isso que a Comissão Europeia afirma ser necessário plantar pelo menos três mil milhões de árvores nos próximos dez anos, para proteger a natureza e a economia.
O dióxido de carbono é o gás que tem maior impacto no aquecimento global, pois representa 65% das emissões que provocam o efeito de estufa. Este fenómeno ocorre porque os gases que envolvem a Terra formam uma cortina que impede que a energia do sol absorvida pelo planeta durante o dia seja emitida de volta para o Espaço, aprisionando o calor cá dentro.
Este processo é importante para a vida no planeta, porque permite que a temperatura média da Terra ronde os 15°C, em vez dos –15°C que estariam caso alguma energia do sol não ficasse retida. No entanto, o crescimento exponencial das emissões atmosféricas de carbono, metano e óxido nitroso, derivadas das atividades humanas no último século, tem tido como consequência um aumento gradual das temperaturas globais, o que coloca em risco a sobrevivência do planeta e da Humanidade.
A redução das emissões de carbono está muito dependente da diminuição da utilização de combustíveis fósseis, e, nesse sentido, estão a ser tomadas medidas para substituir o petróleo e o carvão por fontes de energia renovável, como a solar e eólica, e os produtos derivados de combustíveis fósseis por produtos ecológicos de fontes naturais, como a madeira.
Neste âmbito, a madeira não é apenas uma matéria-prima natural, renovável e biodegradável, é também um depósito privilegiado de CO2, que as árvores retiram da atmosfera. E é aqui que as florestas fazem toda a diferença enquanto solução natural para mitigar as alterações climáticas: são o maior sumidouro terrestre de carbono.
Um serviço prestado ao planeta
O CO2 sequestrado pelas árvores é armazenado na madeira e, depois, nos produtos com origem na madeira ao longo da sua vida útil – como o papel, que em cada tonelada retém o equivalente a 1,3 toneladas de CO2.
Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, no Brasil, registou que só a floresta Amazónia absorveu cerca de um quarto de todas as emissões de combustíveis fósseis desde 1960. Mas não são apenas as florestas tropicais que prestam este serviço ao planeta.
Nova pesquisa, publicada este ano na revista científica Nature, descobriu que as florestas mundiais sequestraram, entre 2001 e 2019, o dobro do carbono que emitiram, mesmo contando com o carbono libertado em caso de incêndios. O estudo diz que o sequestro bruto anual de CO2 das florestas é de 16 mil milhões de toneladas métricas (7,6 mil milhões líquidos).
Estes números incluem também as florestas de produção. Áreas que são plantadas e replantadas regularmente, de forma sustentável, construindo assim um ciclo de retenção de carbono. Aliás, quanto maior a taxa de crescimento das árvores plantadas, maior a eficiência a retirar dióxido de carbono da atmosfera. É o caso do eucalipto, que sequestra, anualmente, sete vezes mais CO2 do que o sobreiro e três vezes mais do que o pinheiro-bravo.
Assim, uma empresa de base florestal como a The Navigator Company, que gere em Portugal mais de 107 mil hectares de floresta, tem um stock de carbono, excluindo o CO2 no solo, equivalente a 6,1 milhões de toneladas, um valor semelhante às emissões geradas por 1,7 milhões de viaturas a circular em torno do perímetro da Terra.