Os dados da última atualização da Lista Vermelha da IUCN revelam um crescente número de espécies extintas ou em perigo de extinção, mas também mostram o sucesso na aposta de medidas de conservação.
São perto de 500 as espécies ameaçadas em Portugal, de acordo com a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), atualizada no final do ano passado. Este número coloca o país no segundo lugar europeu no que toca a mamíferos e plantas em risco, apenas atrás de Espanha, e terceiro no que toca a peixes e répteis. Desde a anterior atualização, 17 animais integraram a categoria das espécies “severamente ameaçadas” e nove espécies (seis de animais e três de plantas) desapareceram do nosso país.
A Lista Vermelha da IUCN revela que existem em Portugal 78 espécies de peixes em perigo, 15 de mamíferos, 16 de aves, cinco de répteis, três de anfíbios, a que se juntam moluscos e invertebrados, 144 espécies de plantas e 10 de fungos, num total de 488. Têm o estatuto de “criticamente em perigo” 107 animais e 33 plantas; contam-se como “ameaçados” 94 animais e 54 plantas, número que sobe, respetivamente, para 133 e 57 na categoria dos “vulneráveis”. No total, são perto de 2 500 espécies de animais e mais de 800 plantas que correm algum tipo de ameaça em Portugal.
Mas há também a registar a recuperação que algumas destas espécies ameaçadas têm vindo a registar, através das ações de conservação desenvolvidas, como é o caso do lobo-marinho (Monachus monachus), do lince-ibérico (Lynx pardinus), da águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) e do priolo (Pyrrhula murino). Continuam ameaçadas, mas tem-se assistido ao crescimento da população (nas três primeiras) ou à sua estabilização, como acontece com o priolo. O caso mais flagrante é o da águia-imperial-ibérica (um endemismo ibérico), que chegou a ser dada como extinta, mas que regressou e conta hoje com 17 casais. Classificada como “vulnerável” na Lista Vermelha, tem o estatuto de “criticamente em perigo” a nível nacional.
Fica assim provado que os esforços de conservação dão resultados, pelo que é urgente expandi-los. Bruno Oberle, diretor geral da IUCN, referiu mesmo que incorporar as ações de conservação em todos os setores da economia é a única forma de lidar com ameaças globais como a pesca não sustentável, a desflorestação ou as espécies invasoras.
A biodiversidade na gestão florestal
A The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, integra a conservação da biodiversidade no seu modelo de gestão florestal, implementando diversas ações para manter ou melhorar o estado de conservação de habitats e para preservar espécies protegidas, ameaçadas e endémicas.
Em 2020, a Navigator aderiu à iniciativa act4nature Portugal, promovida pelo BCSD Portugal para, exatamente, mobilizar as empresas na proteção, promoção e restauração da biodiversidade.
Foi também em 2020 que plantou 50 carvalhos-de-Monchique (Quercus canariensis) na sua propriedade de Águas Alves. Trata-se de uma espécie autóctone rara, da qual apenas existem cerca de 300 no país, que terá continuação no tempo, uma vez que as bolotas cedidas pela Jardim Botânico do Porto foram também recolhidas para reprodução nos viveiros da Navigator, para posterior plantação.
No património florestal gerido pela empresa estão identificadas cerca de 800 espécies e subespécies de flora e 241 espécies de fauna, que são alvo de monitorização regular, sobretudo aquelas com estatuto de conservação mais elevado. Além disso, 4 162 hectares desta floresta estão classificados como protegidos pela Rede Natura 2000.