Ações de restauro da floresta natural têm vindo a tornar mais diversa a propriedade da Navigator de Vale de Beja, no concelho de Odemira. Carvalhos, sobreiros, medronheiros e outras espécies nativas são plantados em Zonas de Interesse para a Conservação da biodiversidade.
A gestão sustentável da floresta e a conservação da biodiversidade fazem parte do eixo de atuação da Agenda de Gestão Responsável 2030 da Navigator que diz respeito à Natureza. No entanto, o investimento em ações de conservação e restauro de habitats é uma prática diária da atividade da empresa desde sempre.
São as práticas de gestão silvícola que fazem a diferença no que toca à conservação da biodiversidade dentro de uma propriedade com floresta de produção. Em Portugal, os mais de 104 mil hectares de floresta sob gestão da The Navigator Company albergam 245 espécies de fauna e mais de 800 espécies e subespécies de flora, incluindo quatro espécies “criticamente em perigo”, 13 “em perigo” e 36 com estatuto “vulnerável”. Atualmente, 12.364 hectares da área florestal sob gestão da Navigator são Zonas de Interesse para a Conservação da biodiversidade.
Em Vale de Beja, junto a São Luís, em Odemira, há 126 hectares, dos 700 que constituem a propriedade, que correspondem a Zonas de Interesse para a Conservação. É nestas zonas que tem havido, desde há 12 anos, ações ativas de restauro de habitats. “Não é uma compensação, mas uma forma de compatibilizar a necessidade de preservar a biodiversidade com os objetivos produtivos da empresa”, esclarece Nuno Rico, técnico de conservação da biodiversidade.
Para restaurar a floresta natural, elegeram-se zonas húmidas, corredores que criam descontinuidade e tornam a paisagem mais heterogénea. Os eucaliptos presentes neste local foram cortados e desvitalizados sem mobilização do solo e sem recurso a maquinaria, nem uso de herbicidas, em zonas onde depois, se necessário, são plantados carvalhos e outras árvores. “Se percebemos que há uma forte regeneração natural, nem vale a pena plantar, mas por vezes é necessário darmos uma ajuda”, acrescenta Nuno Rico.
O restauro da floresta natural em determinadas áreas
faz parte das ações levada a cabo em Vale de Beja.
Avaliar o impacto das zonas de restauro através dos pequenos mamíferos
E porque é importante fazer uma avaliação do impacto destas zonas de restauro no “ganho” de biodiversidade, a Navigator estabeleceu, em 2021, uma parceria informal com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que prevê o desenvolvimento de mestrados nos quais o objetivo é fazer este estudo.
Os pequenos mamíferos são capturados em armadilhas
com um isco, identificados, marcados e libertados.
O primeiro mestrado está a decorrer no Vale de Beja, e o tema é o “Efeito das ações de restauro de áreas de plantação de eucalipto na composição e estrutura da comunidade de micromamíferos”. As conclusões só serão conhecidas daqui a alguns meses. Mas, para já, Miguel Rosalino, investigador e professor daquela faculdade, adianta que a aluna Beatriz Pinho identificou as seguintes espécies, por ordem do maior para o menor número: rato-das-hortas (Mus spretus), musaranho-de-dentes-brancos (Crocidura russula), rato-do-campo (Apodemus sylvaticus) e ratazana-preta (Rattus rattus).
“Os pequenos mamíferos, com ciclos reprodutivos mais curtos, respondem mais rápido a mudanças no habitat, daí serem um bom indicador. Sabemos, por exemplo, que o aumento da sua abundância representa um incentivo ao aparecimento de outras espécies maiores, como as aves de rapina noturnas, as serpentes, e até mamíferos predadores destes pequenos animais”, conclui Miguel Rosalino.