Famosos pela sua excêntrica cor rosada, os flamingos são aves com um charme muito particular. Nas últimas décadas, adotaram Portugal como destino migratório e, no ano passado, começaram a nidificar por cá. Esta é a época ideal para ir espreitá-los.
Antes de 1980, era raro encontrá-los no nosso país. Mas nas últimas décadas os locais onde se concentram foram registando cada vez mais flamingos. A espécie que se encontra em Portugal é o flamingo-comum (Phoenicopterus roseus) e, em 2017, foi anunciado um número recorde destas aves no estuário do Tejo: 12 mil.
Partem das zonas do Mediterrâneo onde nidificam (Grécia, Tunísia, França, Espanha e Itália) e vêm passar os meses frios a Portugal, onde encontram alimento nas zonas húmidas, como estuários, rias, lagos e lagoas.
Este ritmo migratório mais ou menos estável parece estar a sofrer uma alteração, anunciada em 2021 pelo ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas): os flamingos começaram também a nidificar em Portugal. Em vez de partirem para outras paragens na primavera, muitos ficaram por cá. Na colónia do Sapal de Castro Marim (Vila Real de Santo António), constituída por cerca de 3000 indivíduos, nasceram 550 crias de flamingo. Mas também nos estuários do Tejo e do Sado, apesar de em menor número, houve eclosão de ovos.
Ainda não são conhecidas as razões para esta alteração de comportamento, mas os especialistas avançam duas hipóteses: por um lado, os efeitos da seca em zonas tradicionais de nidificação (Espanha e França, por exemplo), que faz com que as condições favoráveis que existiam anteriormente se tenham degradado; e, por outro, as restrições devido à pandemia, nos anos de 2020 e 2021, que fizeram reduzir o impacto da atividade humana, tornando as zonas onde habitam em Portugal mais “acolhedoras” durante todo o ano.
Observar flamingos
Há colónias numerosas destas aves, que deixam aquele tom rosa na paisagem. As mais abundantes encontram-se nos estuários do Tejo e do Sado, na Lagoa de Óbidos, na Lagoa de Santo André, no Sapal de Castro Marim, na Ria Formosa e na Ria de Aveiro.
No portal natural.pt encontra várias sugestões de percursos e dicas para planear o seu programa de observação de flamingos, seja em visitas guiadas, seja por conta própria. Vai, com certeza, valer a pena, até porque estes locais têm toda uma beleza natural e uma riqueza em biodiversidade que merecem um passeio.
Onde vão os flamingos buscar o tom rosa-coral?
À sua dieta rica em organismos que contêm carotenoides, sobretudo crustáceos. Além destes, os flamingos alimentam-se de plâncton, algas, insetos, moluscos e vermes. Em Portugal, não apresentam um tom de rosa tão vivo como noutras paragens, porque não há tantos crustáceos com carotenoides na sua alimentação. A intensidade da coloração tem a ver com a quantidade destes pigmentos ingeridos. O tom rosa é mais visível em voo, pois concentra-se nas asas. As crias e os juvenis são acinzentados, só ganhando a cor distintiva da espécie na idade adulta.