Falar de gestão sustentável das florestas plantadas é também falar de cultura, um valor cada vez mais assumido como o quarto pilar da sustentabilidade. Conheça o tesouro cultural de importância internacional que a floresta de eucalipto ajuda a proteger.
Na Serra d’Ossa, numa propriedade gerida pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, existem vestígios arqueológicos com três mil anos, que se estendem por um caminho florestal envolvido por enormes eucaliptos, no sítio do Castelo Velho. “Há achados numa extensão de 1.200 metros e estamos na área mais vasta da Península Ibérica com vestígios da Idade do Bronze”, revela Rui Mataloto, arqueólogo do Município do Redondo.
“Preservamos totalmente esta zona há mais de 10 anos, e é por isso que aqui os eucaliptos são maiores”, conta, por seu lado, José Vasques, do Departamento de Produção e Exploração Florestal da Navigator. “Criámos uma área de proteção de sete hectares em redor do património arqueológico, onde não fazemos qualquer operação florestal. Já na rearborização de 2010, toda a área foi protegida. Recentemente, decidiu-se também que vamos bloquear os acessos ao local a veículos motorizados, para minimizar potenciais riscos”, refere o responsável.
“A cooperação com a Navigator tem corrido muito bem”, afirma Rui Mataloto. “Não é habitual haver esta abertura dos produtores florestais à necessidade de proteger o património arqueológico. Mas, neste caso, e apesar de ser uma área bastante extensa, existe muita colaboração e diálogo”, acrescenta.
Desde 2018, apenas com interrupções em 2020 e 2021, devido à pandemia, tem havido trabalhos no local, mas apenas durante o verão. “A investigação arqueológica, com escavação, decorre essencialmente no mês de agosto, com cerca de 20 voluntários internacionais. Sendo uma época de elevado risco de incêndios, a segurança é uma preocupação central”, conta Rui Mataloto. “A coordenação com a Navigator permite que nos sintamos perfeitamente seguros no espaço florestal. Temos uma ligação direta com quem está no terreno todos os dias e tem conhecimento de ocorrências pontuais logo no seu início. Em qualquer momento que possa existir o mínimo risco, sabemos que seremos imediatamente informados de como proceder”, explica o arqueólogo. “Sem este contacto, seria completamente impossível garantirmos a segurança na época do ano em que podemos avançar com as escavações, que é quando existe a disponibilidade dos voluntários.” Na opinião do arqueólogo, estas escavações são a prova de que “é possível compatibilizar a preservação do património arqueológico com a exploração florestal”.
Além dos vestígios de Castelo Velho, existem na Serra d’Ossa outros achados culturais, como antas, dolmens, sepulturas ou uma gruta outrora ocupada por monges. “Estejam ou não classificados, temos esses locais identificados e a sua proteção é sempre tida em conta ao fazermos o planeamento das nossas operações silvícolas. Criamos buffers de segurança para que a sua preservação fique assegurada”, garante José Vasques. “No passado não havia tanta sensibilidade para estas questões, mesmo a nível da sociedade, mas, hoje, sem dúvida que conciliamos a produção com a proteção de todos os vestígios conhecidos que possam ter interesse histórico”.
Parte de uma peça da Idade do Bronze, recuperada nas escavações arqueológica de Castelo Velho.