Está cientificamente demonstrado que sim. Mesmo sem ouvidos, as plantas conseguem detetar sons relevantes para a sua sobrevivência. É o caso do ruído da água ou do som do bater das asas dos polinizadores.
Há pessoas que falam com as suas plantas. E depois há aquelas que consideram esta “conversa”, no mínimo, excêntrica. Entre uns e outros, o que diz a ciência? Mostra-nos que há evidências de que as plantas, pelo menos algumas delas, têm, de facto, a capacidade de detetar certo tipo de sons. O que vem dar uma certa razão a quem fala com elas, embora não tenha sido ainda demonstrado que ouçam a voz humana.
E a ciência também revelou outro facto extraordinário: além de “ouvirem”, as plantas reagem aos sons que detetam.
Ervilheiras que ouvem o som da água
Segundo um estudo publicado em 2017, na revista científica Oecologia, as raízes de ervilheira são capazes de detetar a vibração do som da água e de orientar as suas ramificações nessa direção. “Verificámos que as raízes eram capazes de localizar uma fonte de água, ao detetar as vibrações geradas pela água em movimento dentro dos canos, mesmo na ausência de humidade do substrato”, garantiu a investigadora Monica Gagliano. “Os nossos resultados mostraram também que a presença de ruído teve impacto na capacidade de as raízes perceberem e responderem corretamente à paisagem sonora envolvente”, acrescentou.
Flores que “ouvem” o bzzzzz das abelhas
Um outro estudo, publicado em 2019 na revista científica Ecology Letters, demonstrou que a flor da onagra é capaz de aumentar a concentração de açúcar presente no seu néctar, numa resposta rápida ao som do batimento de asas dos insetos polinizadores.
Os autores desta investigação – intitulada “As flores reagem ao som do polinizador em poucos minutos, aumentando a concentração de açúcar no néctar” –, avançam a hipótese de as flores poderem atuar como ouvidos, captando as frequências específicas das asas das abelhas, mas ignorando ruídos de fundo sem relevância, como o som do vento.
Mais estudos serão necessários para avaliar se as plantas lá de casa ouvem as conversas das pessoas que com elas dividem o espaço. Mas que têm a capacidade de prestar atenção àquilo que lhes interessa, isso já é um facto comprovado.