As montanhas abrigam 15% da população mundial e cerca de metade dos locais com maior biodiversidade do planeta. E ainda fornecem água doce para o dia-a-dia de metade da Humanidade.
Cerca de 27% da superfície terrestre do planeta está coberta por montanhas, que são a casa de 1.1 mil milhões de pessoas e de uma variedade extraordinária de plantas e animais, desde espécies em extinção como gorilas da montanha, leopardos das neves e condores, até plantas raras e de beleza impressionante, como orquídeas e lobélias. No caso das montanhas portuguesas, temos o reconhecido exemplo do lobo ibérico, espécie em “perigo” cujo abate e captura estão proibidos por lei.
Infelizmente, estes importantes ecossistemas não estão imunes às alterações climáticas, e à medida que o clima global continua a aquecer, as pessoas que vivem nas montanhas – algumas das mais pobres do mundo – enfrentam lutas ainda maiores para sobreviver. O aumento das temperaturas também significa que os glaciares das montanhas estão a derreter a um ritmo sem precedentes, afetando o abastecimento de água doce a jusante para milhões de pessoas.
É um problema que nos afeta a todos, pelo que é urgente cuidar destes tesouros naturais.
Celebrar a biodiversidade
Para além de encerrarem algumas das paisagens mais espetaculares do mundo, a topografia única das montanhas, em termos de altitude, declive e exposição, as suas zonas climáticas comprimidas e o seu isolamento criaram as condições ideais para um amplo rol de formas de vida e o cultivo de uma multiplicidade de colheitas, horticultura, gado e espécies florestais.
Este ano, o Dia Internacional das Montanhas (11 de dezembro) tem a biodiversidade como tema, não só para celebrar a riqueza que aí se encontra, mas também para perceber as ameaças que enfrenta.
As mudanças climáticas, as práticas agrícolas insustentáveis, a mineração comercial, a extração de madeira, a caça ilegal e os desastres naturais têm um grande impacto na biodiversidade da montanha, contribuindo para a criação de um ambiente frágil para as comunidades que aí vivem. A degradação do ecossistema, a perda de meios de subsistência e a migração nas montanhas correm o risco de levar ao abandono de práticas culturais e tradições antigas que sustentaram a biodiversidade durante gerações.
A gestão sustentável da biodiversidade da montanha tem sido cada vez mais reconhecida como uma prioridade global. E por isso faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: a meta quatro do objetivo 15 é dedicada à conservação da biodiversidade das montanhas.
Na verdade, a biodiversidade está atualmente em foco em todos os ecossistemas, uma vez que as Nações Unidas declararam de 2021 a 2030 a “Década para a Recuperação dos Ecossistemas”, e os governos preparam-se para negociar o quadro de biodiversidade global pós-2020 na 15ª reunião da Conferência das Partes (COP 15, que se realiza em 2021 na China) na Convenção sobre Diversidade Biológica.