A arte de batizar eucaliptos

15 de Agosto 2023

Quando os clones de eucalipto saem dos laboratórios do RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, é hora de lhes dar um nome.

Escolher o clone de eucalipto mais indicado para determinada área, de acordo com as características do solo e as condições climáticas, é um passo determinante para garantir a máxima produtividade de uma propriedade. Este desenvolvimento de novos clones é uma das áreas de investigação do RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, Laboratório de I&D detido pela The Navigator Company, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia, que, atualmente, tem cerca de 40 mil em base de dados. Quando saem do laboratório para a floresta, é chegada o momento de lhes dar um nome.

“O nome facilita a comunicação e é uma forma de aproximar as pessoas que estão por trás da criação dos clones às pessoas que vão utilizá-los no terreno”, conta José Araújo, Gestor do Programa de Melhoramento Genético do instituto RAIZ. “Não seria fácil, na comercialização e na gestão florestal, designá-los no dia-a-dia pelo código numérico de nove algarismos que todos possuem”, explica.

O primeiro passo para o “batismo” é elaborar uma lista com várias sugestões, que pode ou não obedecer a um tema, como “serras” ou “rios”, e que será depois submetida a votação pelas equipas do RAIZ e da área de Produção e Exploração Florestal da Navigator. Existem nas florestas plantadas da companhia eucaliptos de nome Estrela, Atlas e Sado. Há também um Barão, “inspirado na propriedade onde foi criado”, e um Tuga, “porque era um clone rústico e resistente”, conta José Araújo. “Normalmente, não escolhemos nomes de pessoas, porque o clone pode não ser um sucesso. A única exceção foi o Goes”, recorda – “o nosso primeiro clone incorporado no processo produtivo, em 1998, foi batizado em homenagem a Ernesto Goes, um nome importante da silvicultura em Portugal.”

Em relação ao código numérico, importa dizer que, na sua aparente frieza, esconde um segredo caloroso: os três algarismos do meio são uma espécie de “nome de família”, pois traduzem a combinação do pai e da mãe daquele clone específico.