A biodiversidade esculpida num eucalipto

11 de Maio 2021

Na Quintinha de Monserrate, um eucalipto centenário transformado em peça de arte mostra aos transeuntes a rica biodiversidade da Serra de Sintra.

Às vezes, olhamos para uma árvore e vemos muitas coisas, incluindo coisas que não estão lá. Tal como nos acontece com as nuvens, não é preciso termos imaginação muito fértil para associar um tronco, folhagem exótica ou a perspetiva curiosa de uma ramagem a algo completamente diferente, que nos é sugerido por um olhar mais ambicioso.

E nem sempre é preciso imaginar. Há árvores que nos transportam para os mundos irreais que só a arte permite alcançar, pela simples razão de que a arte não está naquilo que julgamos ver, mas sim na própria árvore. Ou seja, a árvore é a própria peça de arte. Não porque a natureza lhe conferiu um aspeto “artístico”, mas por intervenção artística de humanos.

É o caso do totem da Quintinha de Monserrate, esculpido num eucalipto enraizado, que, do alto dos seus 7,5 metros de altura, homenageia a biodiversidade da região.

A escultura foi realizada pela artista galesa Nansi Hemming, a convite dos Parques de Sintra, e retrata exemplos da fauna e flora locais, como o escaravelho Lucanus cervus, o morcego-de-ferradura-pequeno, a coruja-do-mato, a borboleta fritilária-dos-pântanos, o texugo ou a majestosa águia-de-Bonelli que encima o conjunto.

O eucalipto, com cerca de 100 anos, foi vítima de um ataque de fungos e não podia ser salvo. Esta foi também a forma encontrada de o homenagear e prolongar a sua presença no parque, uma vez que a árvore se mantém enraizada.

Créditos Fotografias
©PSML_EMIGUS