À descoberta da biodiversidade

29 de Junho 2022

Uma caminhada na natureza pode tornar-se ainda mais estimulante se formos à descoberta de cada ecossistema e tentarmos avistar certas espécies que o compõem. Para isso existem as Estações da Biodiversidade. Venha conhecê-las.

Descobrir um tira-olhos-peludo, um escaravelho-vaca-loura, uma libelinha-de-olhos-vermelhos, um lagarto-de-água ou um louva-a-deus-de-corno são desafios que vão tornar as suas caminhadas ainda mais interessantes.

Escolha uma das Estações da Biodiversidade (EBIO) espalhadas por todo o país e siga o percurso proposto. Ficará a conhecer, através dos painéis existentes ao longo do trajeto, algumas espécies emblemáticas que ali convivem. Descobri-las, no meio de tantas outras, é o desafio.

“O projeto começou em 2009, com o principal objetivo de aproximar as pessoas da biodiversidade”, afirma Patrícia Garcia Pereira, investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e coordenadora da Rede EBIO. A primeira Estação foi criada em Tôr, no concelho de Loulé, em 2010. Hoje, existem 69 locais com informação sobre as espécies presentes.

São percursos pedestres curtos, com um máximo de 3 km, sinalizados através de nove painéis informativos. Cada estação está localizada num local de elevada riqueza biológica e os painéis funcionam como uma espécie de guia de campo.

Neles podemos encontrar imagens e informação sobre espécies comuns que facilmente se observam no percurso. Cada painel tem um tema e é composto por fotografias grandes, com um máximo de seis espécies, e um parágrafo por espécie, a destacar algum aspeto da sua biologia, ecologia, dicas de identificação ou curiosidades.

Cientistas-cidadãos

Conseguir identificar uma espécie já é uma conquista! Mas se pudermos partilhar a descoberta com a comunidade científica, a experiência torna-se ainda mais compensadora. Patrícia Garcia Pereira lança o desafio: “Queremos que as pessoas sejam proativas. Criámos uma sigla que representa muito bem os objetivos do projeto – RIPAR: R-registar com fotografia, I-identificar, PAR-partilhar o registo na plataforma online Biodiversity4all.org. Cada um de nós pode contribuir para inventariar e monitorizar a biodiversidade dos percursos pedestres.”

Há duas coisas muito importantes para levar consigo ao visitar uma Estação da Biodiversidade: tempo e paciência. Porque, explica Patrícia Garcia Pereira: “Não é imediato, é preciso estar com disponibilidade para se aproximar de uma planta, demorar-se a fotografar, esperar pela chegada de um inseto, olhar com atenção…” Mas, avisa: “É muito gratificante quando conseguimos identificar as espécies. Acho que é até viciante! Começamos com meia dúzia e depois queremos mais. E esta? E aquela? Quem já viu esta?”

Mapa das EBIO

Apesar de o site não estar completamente atualizado, pode consultar a Rede EBIO em no site da Tagis. Um novo site inteiramente dedicado às EBIO irá nascer em breve, talvez ainda este ano. Também em breve serão inauguradas novas Estações: Instituto Politécnico de Setúbal, Serra de Carnaxide, em Oeiras, Palmeiro, em Portalegre, e Figueira e Barros, no concelho de Avis, além de Biospots na Escola de Tecnologia do Barreiro.

Louva-a-deus-de-corno (Empusa pennata)

Lagarto–de-água (Lacerta schreiberi)

À descoberta da biodiversidade

Lagarto–de-água (Lacerta schreiberi)

Descobrir as espécies assinaladas nos percursos é um desafio que torna as caminhadas muito mais interessantes.