A ervilhaca-turca e o musaranho-de-água

21 de Maio 2025

Espécies ameaçadas beneficiam da proteção de uma gestão florestal responsável. Que o digam a ervilhaca-turca e o musaranho-de-água, descobertos recentemente em zonas de conservação da The Navigator Company.

Ambas são espécies ameaçadas: a ervilhaca-turca (Vicia bithynica) e o musaranho-de-água (Neomys anomalus) estão classificados com o estatuto de Vulnerável em Portugal. A primeira é uma planta de aspeto delicado, com uma flor lilás e que produz uma pequena vagem – ou não fosse ela da família das ervilhas, que conhecemos do nosso prato. O segundo é um minúsculo mamífero de pelagem escura e barriga branca que vive, como o nome indica, em zonas aquáticas. E o que têm estas duas espécies em comum, para além do estatuto de ameaça?

Ambas foram identificadas recentemente, e pela primeira vez, em áreas florestais geridas pela The Navigator Company em Portugal, graças ao último trabalho de monitorização da biodiversidade, realizado pela Floradata, em 2024. Todos os anos é feito este levantamento, de forma a conhecer as espécies de fauna e flora presentes no território gerido pela Companhia.
“Os resultados desse mais recente estudo permitiram a identificação de 268 espécies de fauna e de 1195 espécies e subespécies de flora. Estamos a falar exclusivamente de espécies autóctones”, revela Nuno Rico, responsável pela área de Conservação da Biodiversidade da The Navigator Company. “Este total inclui 68 espécies ameaçadas – classificadas com o estatuto de Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável”.

A ervilhaca-turca e o musaranho-de-água são duas das espécies estreantes desta lista e vão agora beneficiar da estratégia de conservação da biodiversidade que a Navigator implementa através da sua gestão florestal responsável. “Temos uma cartografia, na qual localizamos o ponto exato onde cada espécie foi identificada, e tomamos algumas medidas de gestão para as proteger, com especial cuidado em relação às que se encontram ameaçadas”, explica Nuno Rico. “Esse cuidado pode passar pela suspensão do uso de fitofármacos, por exemplo, ou pela suspensão das operações silvícolas em certos períodos do ano ou do dia. E mantemos sempre buffers em relação às linhas de água, que são espaços mais ricos e fundamentais para a biodiversidade”, detalha.

Conciliar produção e conservação? Sim, é possível.

“A monitorização permite apurar quais as espécies que estão presentes, o seu grau de ameaça, e qual o estado de conservação dos habitats. Mas também planear ações restauro ecológico destes locais, por prioridades, e contribuir, assim, para que o grau de ameaça destas espécies possa diminuir”, explica Nuno Rico.

Tanto a ervilhaca-turca como o musaranho-de-água foram identificados em zonas exclusivamente dedicadas à conservação dos valores naturais, ou seja, onde não existe qualquer objetivo produtivo. Dos cerca de 109 mil hectares de floresta (100% dos quais estão certificados) que a Navigator tem sob a sua responsabilidade em Portugal, 12% correspondem a zonas de conservação. “Acaba por ser uma área acima dos 10% exigidos pelos sistemas de certificação florestal e o nosso objetivo é aumentar ainda mais, de forma sustentável, este rácio”, garante Nuno Rico.

Ferramentas inovadoras para medir a biodiversidade

Em relação à monitorização anterior (2023), o saldo do número de espécies revelou mais 15 de fauna e mais 138 de flora. “O aumento de espécies identificadas, que tem acontecido ano após ano, deve-se ao reforço do nosso investimento na monitorização, que se reflete tanto a nível do prolongamento do período de trabalho de campo, como do alargamento da área abrangida”, explica Nuno Rico. Além disso, avança, “estamos a usar novas ferramentas que complementam a monitorização mais clássica. Em 2024, recorremos ao eDNA (ou ADN ambiental), em parceria com SGS Global Biosciences Center. Esta técnica permite avaliar de forma mais expedita certos grupos de espécies, como os insetos e os morcegos. O musaranho-de-água, por exemplo, foi identificado graças a esta ferramenta, que recolhe amostras de ADN do ambiente”.

Outra frente em que a Navigator está a trabalhar, revela Nuno Rico, “é no desenvolvimento de uma metodologia inovadora que permitirá medir o ganho de biodiversidade decorrente das nossas ações de restauro ecológico”. O projeto está a ser desenvolvido em parceria com o CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos do BIOPOLIS.

Este é mais um dos projetos e parcerias em que a Navigator tem investido, no âmbito da sua estratégia de conservação. “Tudo para conseguirmos ter um impacto positivo na biodiversidade, um objetivo sempre presente na nossa gestão florestal responsável”, resume Nuno Rico.

Em 2024, foram identificadas nas florestas geridas pela The Navigator Company:

🐺 268 espécies autóctones de fauna – mais 15 do que em 2023

🌳 1195 espécies e subespécies autóctones de flora – mais 138 do que em 2023

Destas, 68 são espécies ameaçadas.