A nova vida do dom-fafe-dos-Açores

1 de Março 2024

O priolo, também conhecido por dom-fafe-dos-Açores, foi, em 2005, considerado uma espécie Criticamente Em Perigo. Os esforços de recuperação do seu habitat deram resultado, refletindo-se num aumento considerável e consistente da população desta ave.

Em 2005, o priolo (Pyrrhula murina), ave endémica do arquipélago dos Açores, foi colocado na lista de espécies Criticamente Em Perigo pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Chegou a ser apontado, na altura, como a ave passeriforme mais ameaçada da Europa. Desde então, os esforços de conservação implementados, centrados na restauração do habitat, permitiram uma rápida recuperação da espécie. Em 2016, a ave foi classificada pela IUCN como Vulnerável, ou seja, em 11 anos desceu dois níveis neste sistema de classificação de espécies que indica o grau de ameaça em que se encontram. Na última avaliação, em 2021, manteve o estatuto de “Vulnerável”.

Mais alimento, mais priolos

Por se alimentar de vegetação nativa, o dom-fafe-dos-Açores acabou por ir sofrendo com a intervenção humana, que foi limitando os habitats onde estas plantas se encontram. Os esforços de recuperação centraram-se neste aspeto, tendo sido aumentadas as áreas de vegetação nativa sobretudo na zona onde são avistados mais priolos nos Açores: o Pico da Vara, ponto mais alto de São Miguel.

A restauração do habitat, que arrancara em 2003, integrada num programa de conservação levado a cabo pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), incluiu vários processos, entre eles a criação de um viveiro onde são cultivadas 25 espécies arbóreas autóctones – como o azevinho dos Açores. Nas últimas duas décadas, foram restaurados cerca de 1.000 hectares de floresta de Laurissilva e plantadas mais de 500 mil árvores nativas no habitat principal do priolo.

Desta forma, a ave outrora ameaçada passou a ter maior disponibilidade de alimento e mais áreas de nidificação, o que levou a um aumento gradual da população da espécie. Em 2010, o dom-fafe-dos-Açores já dava sinais de recuperação, com uma estimativa populacional de 1.000 aves, tendo sido então classificada como uma espécie “Em Perigo”, ou seja, um nível abaixo na “escala” de ameaça da IUCN. Tal cenário foi melhorando nos anos seguintes. A última avaliação, em 2021, apontava para uma estimativa de 1.300 aves.

O dom-fafe-dos-Açores habita numa área muito localizada, na Zona de Proteção Especial (ZEP) do Pico da Vara e Ribeira do Guilherme, cuja criação esteve ligada precisamente à presença desta ave. Inserida na Reserva Natural do Pico da Vara, o local tonou-se destino de eleição para observadores de aves, curiosos e investigadores de todo o mundo.

As florestas plantadas e a proteção das espécies selvagens

A promoção de ações de reabilitação de habitats é um dos pilares da estratégia de conservação e promoção da biodiversidade da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet. Na sua gestão florestal responsável, a Companhia aborda os ecossistemas como um todo, pois, ao melhorar as condições do habitat, está a promover a presença de todas as espécies que dele dependem.

Nos cerca de 107 mil hectares de área florestal sob responsabilidade da Navigator em Portugal, estão identificadas cerca de 1.000 espécies e subespécies de flora e 253 espécies de fauna. Em 2023, cerca de 191 hectares foram alvo de ações de restauro, com o objetivo de manutenção ou melhoria do estado de conservação de habitats naturais e seminaturais.

A gestão florestal responsável é a chave para a conciliação entre os objetivos produtivos e a conservação da biodiversidade, sempre com o estrito compromisso de valorizar e proteger a floresta.