A sensível águia-de-bonelli 

31 de Agosto 2023

Na região do Alentejo, a águia-de-bonelli faz o ninho em árvores, e não apenas em rochas. Alguns estão identificados em propriedades geridas pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, que tem adotado medidas para proteger a espécie.

Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, a águia-de-bonelli está classificada como espécie “Em Perigo”. É muito sensível a quaisquer perturbações no seu habitat e costuma nidificar em escarpas rochosas, em locais inacessíveis e isolados. Mas, de acordo com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), as águias-de-bonelli têm em Portugal, nomeadamente no sudoeste alentejano, um comportamento um pouco diferente: a maioria (cerca de 70% dos casais) faz o ninho em árvores, o que tem contribuído para a expansão da espécie, uma vez que deixa de estar limitada a zonas de rochedos.

É exatamente isso que acontece nas propriedades da Navigator, na Serra d’Ossa e em Odemira, onde existem ninhos de águia-de-bonelli, identificados há vários anos, construídos no topo de eucaliptos. Tal como outras espécies com estatuto de ameaça, esta é alvo de medidas especiais de proteção por parte da empresa. “Tudo começou há 16 anos, com um projeto LIFE que integrámos para proteger a espécie”, conta Nuno Rico, Responsável pela Conservação da Biodiversidade na Companhia. “Quando a iniciativa terminou, o nosso cuidado continuou, ou seja, mantivemos as medidas de proteção. Estas incluem a delimitação de uma área em redor dos ninhos, na qual não existem quaisquer atividades florestais impactantes durante todo o período de nidificação, que decorre entre o início de dezembro e final de maio”, explica.

Para além desta medida, a Navigator também promove, sempre que possível, a melhoria do habitat da águia-de-bonelli, fomentando a presença de espécies que são as suas presas (por exemplo, as perdizes e pequenos mamíferos) e mantendo bosquetes de eucaliptos altos para que tenha alternativas de nidificação.

Monitorização: uma ferramenta fundamental

Desde há 12 anos, são feitas monitorizações regulares, no sentido de perceber se as aves continuam a nidificar nos ninhos identificados. A águia-de-bonelli mantém dois a três ninhos por território, sendo que na zona do sudoeste alentejano e Monchique, na influência de propriedades da empresa, estão identificados 10 territórios e a população tem-se mantido estável, mas com tendência positiva.

A monitorização tem sido feita com a colaboração do ornitólogo Rogério Cangarato, que já acompanha estes ninhos desde o projeto LIFE e que dá apoio nas tomadas de decisão em benefício da conservação da espécie.

Tal como a águia-de-bonelli, também o açor ou o búteo-comum podem fazer o ninho em eucaliptos. “Sempre que acontece, estabelecemos áreas-tampão para proteger os ninhos. São zonas que deixam de ser de produção e passam a ser de conservação”, explica Nuno Rico.

“Como entidade certificada e promotora da gestão florestal sustentável, queremos ter as melhores práticas e compatibilizar a produção florestal com a conservação da biodiversidade. Estamos a mostrar que essa compatibilização é possível”, garante este responsável. E explica como: “A produção de eucalipto consegue gerar meios e recursos para investirmos em trabalhos de conservação que façam a diferença e que tenham um impacto positivo significativo.”

A águia-de-bonelli é uma entre as mais de 250 espécies de fauna identificadas nas florestas geridas pela Navigator. No caso da flora, são mais de 900 espécies e subespécies. De acordo com os dados referentes a 2022, 12.900 hectares da área sob gestão da Companhia (12% do total) são Zonas de Interesse para a Conservação.

“A produção de eucalipto consegue gerar meios e recursos para investirmos em trabalhos de conservação que façam a diferença e que tenham um impacto positivo significativo.”

Nuno Rico, Responsável pela Conservação da Biodiversidade na Navigator