Muitas vezes vistos como pragas incómodas e transmissores de doenças, os mosquitos desempenham um papel crucial nos ecossistemas em que habitam. Na realidade, apenas 6% das mais de 3.500 espécies existentes estão interessadas no sangue humano.
Todos nós já desesperámos com os mosquitos. Seja pelo zumbido que fazem quando queremos dormir ou pela desesperante reação alérgica causada pela sua picada, quem nunca desejou esborrachá-los contra a parede que atire a primeira pedra.
A um nível mais sério, milhões de pessoas sofrem os efeitos devastadores dos mosquitos na saúde, causados pela malária, vírus zika, febre-amarela, dengue e outras doenças por eles espalhadas.
Por tudo isto, há quem defenda a sua eliminação em massa e até mesmo a sua exterminação. Mas, apesar da reputação negativa, estes pequenos insetos têm interações complexas e significativas com outros organismos e desempenham funções vitais em cadeias alimentares e na polinização de plantas.
Além de que fazem parte do ecossistema saudável da Terra há mais de 100 milhões de anos!
Polinização
Apesar de serem maioritariamente conhecidos por se alimentarem de sangue, a maioria das espécies de mosquitos é vegetariana, alimentando-se de néctar de plantas. Durante este processo, transportam pólen de umas flores para outras, cumprindo uma função de polinização que, mesmo não sendo tão significativa como o das abelhas e borboletas, contribui para a diversidade genética das plantas e para a sua reprodução.
Alimento para outras espécies
Os mosquitos são uma fonte de alimento para muitas espécies de animais. Tanto em larvas como na forma adulta, são consumidos por aves, anfíbios, répteis, peixes ou mesmo outros insetos, e são vários os estudos a demonstrar que a ausência de mosquitos em determinadas áreas pode levar a um declínio populacional dos seus predadores.
Reciclagem de nutrientes
As larvas de mosquito comem continuamente e ingerem microrganismos como fungos, algas e parasitas. Depois, transformam esses alimentos em estrume rico em nutrientes, que é utilizado como alimento por muitas plantas.
Controlo biológico
Em alguns casos, os mosquitos podem ajudar a controlar a população de outros insetos, uma vez que alguns se alimentam de larvas de outras espécies consideradas pragas. Desta forma, a sua presença impede a sobrepopulação de outros insetos, evitando um desequilíbrio no ecossistema local.
Ação indireta
Além das interações diretas já mencionadas, a presença de mosquitos nos ecossistemas pode ter efeitos indiretos significativos, na medida em que influenciam os padrões de comportamento de animais hospedeiros, como mamíferos e aves, que adotam estratégias para evitar a sua picada. Estas estratégias podem ter impacto na movimentação e na distribuição desses animais, o que, por sua vez, pode ter consequências no equilíbrio das populações e na dinâmica do ecossistema.