Abelha que voa, planeta que floresce

19 de Maio 2025

Pequenas, trabalhadoras e essenciais, as abelhas são muito mais do que insetos simpáticos. São as embaixadoras oficiais da polinização e figuras centrais da biodiversidade e da segurança alimentar.

Vamos ser honestos: as abelhas têm o melhor departamento de comunicação do mundo dos polinizadores. São as mais conhecidas, as mais acarinhadas, as que nos vêm logo à cabeça quando se fala de biodiversidade e polinização. Mas, quando celebramos o seu dia, estamos na verdade a homenagear uma equipa inteira de heróis incansáveis que põem o planeta a produzir – vespas, borboletas, besouros, morcegos… a colmeia dos polinizadores é grande. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) há 200 mil espécies de animais que cumprem esta função. Mais de 20 mil são abelhas.

Todos os anos, no Dia Mundial da Abelha – que se assinala a 20 de maio –, o mundo volta a lembrar o que nunca devia esquecer: sem os polinizadores, não há flores, nem frutas, nem colheitas. E o planeta perde cor, sabor e equilíbrio. Este ano, o tema lançado pela FAO é um convite à ação: “Bee inspired by nature to nourish us all” (“Inspira-te na natureza para nos alimentar a todos”, numa tradução livre). E as abelhas são uma grande inspiração.

Menos abelhas, menos comida no prato

Mais de 75% das culturas alimentares mais produtivas do mundo dependem, pelo menos em parte, da polinização (dados da FAO). Isso inclui frutas, legumes, oleaginosas, frutos secos e até plantas forrageiras para o gado. E quem faz esse trabalho incansável? As nossas amigas abelhas & companhia.

O problema é que, nos últimos anos, temos assistido a um declínio preocupante nas populações de abelhas e outros polinizadores. As causas são várias: perda de habitat, uso excessivo de pesticidas, doenças, espécies invasoras e alterações climáticas.
Sem polinizadores, muitas culturas agrícolas veriam a sua produtividade cair drasticamente. E não falamos só de variedade, mas também de quantidade: colheitas mais pequenas, menos alimentos disponíveis, preços mais altos. O impacto seria visível na economia agrícola, na segurança alimentar global e até na saúde humana, já que muitos dos alimentos mais nutritivos – como frutas, legumes e frutos secos – deixariam de estar disponíveis com a mesma facilidade.

Para além de encherem o nosso prato, os polinizadores mantêm a biodiversidade. São essenciais à reprodução das plantas, mantendo o equilíbrio de ecossistemas inteiros: florestas, matas, campos e jardins. Sem polinização, a vegetação nativa entra em colapso, e com ela desaparecem espécies de aves, mamíferos e insetos que dela dependem. Por isso, a perda de polinizadores não é apenas um problema agrícola. É um problema ecológico global. E é urgente agir.

Como podemos ajudar?

Apesar de todos os alertas, as abelhas e outros polinizadores continuam ameaçados. A boa notícia? Há muito que cada um de nós pode fazer para ajudar a recuperar as suas populações. Aqui ficam cinco gestos simples que fazem a diferença:

🐝Plantar flores amigas das abelhas – como alfazema, alecrim, malmequeres ou girassóis.

🐝Evitar pesticidas no jardim, optando por métodos naturais de controlo de pragas.

🐝Criar abrigos para polinizadores – pequenos hotéis de insetos, que podemos construir de raiz, ou zonas “selvagens” nos nossos jardins, quintais ou varandas.

🐝Comprar produtos locais e biológicos, que apoiem práticas agrícolas mais sustentáveis.

🐝Falar sobre o tema – quanto mais se souber, mais se protege.

Sabia que as espécies florestais que dão flor no inverno são especialmente importantes para as abelhas? É o caso do eucalipto, que garante uma fonte de pólen quando quase nada mais está disponível. Por isso, não é raro ver colmeias junto a eucaliptais: os apicultores sabem que ali as abelhas encontram sustento quando mais precisam.