Abelhas: porque não vivemos sem elas

12 de Janeiro 2021

O papel das abelhas na polinização faz delas um elemento vital no ecossistema terrestre e na espécie humana. Um terço da produção mundial de alimentos depende da sua atividade.

Um terço da produção mundial de alimentos depende da atividade das abelhas, que são a espécie que desempenha a polinização de forma mais eficaz. A nível ambiental, a ação das abelhas é determinante para a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade, uma vez que não só garantem a sobrevivência de muitas espécies vegetais, como fazem parte da dieta de aves e répteis. De forma indireta, as abelhas são também garante da preservação e melhoria dos solos, já que contribuem para a manutenção do coberto vegetal.

Ainda assim, 40% das espécies de polinizadores invertebrados (diferentes espécies de abelhas, borboletas, escaravelhos, e alguns tipos de vespas e moscas) corre risco de extinção. A existência da abelha doméstica na Europa, a Apis mellifera, depende hoje totalmente da ação dos apicultores, uma vez que já não existem colónias silvestres viáveis na natureza.

O desaparecimento das abelhas está relacionado com a modificação ou perda dos habitats, devido à alteração do uso dos solos, à exploração intensiva e às alterações climáticas. Ameaças a que se juntam o uso de pesticidas e outros poluentes, bem como a ação de espécies exóticas invasoras, como a vespa asiática, ou a presença de doenças e pragas.

A Comissão Europeia aponta a produção de mel como um “emprego verde”, uma vez que se trata de uma atividade económica capaz de explorar recursos silvestres, ao mesmo tempo que os preserva e contribui para a sua renovação.

Portugal, que tem uma grande diversidade de méis monoflorais, tem assistido ao crescimento da apicultura, apesar de a atividade ainda ser vista como um complemento à agricultura. Segundo os dados de 2018 da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, existem no país 11 883 apicultores, tendo o número de apiários (42 mil) e colmeias (768 mil) crescido 25% entre 2012 e 2018.

De acordo com o Plano de Ação do Centro de Competências da Apicultura e Biodiversidade, também de 2018, a maioria dos apiários nacionais estão concentrados em zonas de grande riqueza e diversidade ambiental, no que é uma estratégia dos agricultores para garantirem um mel de qualidade.

O valor das florestas de eucalipto como contribuição para a produção de mel tem vindo a ser cada vez mais reconhecido em Portugal, tal como acontece já noutros países. No hemisfério norte, as florestas de eucalipto representam uma vantagem para os apicultores, uma vez que a floração acontece durante o inverno, quando as abelhas se debatem com escassez de alimento. E, embora seja também esta a estação em que as abelhas estão menos ativas, a garantia de encontrar uma fonte de alimento segura agrada aos apicultores que aí instalam as suas colmeias.

No nosso país, as florestas da The Navigator Company são, cada vez mais, um habitat privilegiado para as abelhas. Embora sempre tenham existido colmeias nas propriedades da empresa, nos últimos quatro a cinco anos esta atividade tem vindo a ser privilegiada, através da colaboração com apicultores, o que se traduziu num crescimento notório no número de apiários e colmeias. “Existem agora 20 apiários dentro das propriedades da Navigator, de norte a sul. Contudo, são mais frequentes na região sul e no interior”, explica Vânia Oliveira, responsável de aproveitamento de terras.