Admirar a natureza através da lente

19 de Agosto 2022

Fotografar a natureza é um bálsamo para os sentidos. Dos cheiros da terra à enorme diversidade de cores e sons, passando pela sensação de liberdade que só os grandes espaços permitem, esta pode ser, além de saudável, uma atividade extremamente estimulante e gratificante.

O conceito de fotografia de natureza compreende a captação de imagens da flora e da fauna, ou seja, plantas, flores e animais no seu habitat natural. Para muitos adeptos desta atividade, o sonho só será cumprido quando puderem fotografar a vida selvagem em locais emblemáticos como a Patagónia, a selva amazónica ou o Parque Nacional de Serengeti, na Tanzânia. No entanto, o pequeno bosque junto a casa é o melhor sítio para começar – ali se encontram muitos motivos de interesse que estão para além do que os nossos olhos normalmente observam.

Seja onde for, as possibilidades de obter imagens singulares são inúmeras, e as probabilidades de este tipo de fotografia se tornar num passatempo regular, também. Quem decide colocar mãos à obra deve observar alguns princípios básicos.

O primeiro, e, porventura, mais relevante, está justamente relacionado com o facto de estarmos a “invadir” o habitat natural das espécies. E isso implica, naturalmente, respeitar o seu espaço, tentando que a nossa presença seja a mais discreta possível – não só não perturbando o ecossistema onde acabámos de entrar, como também procurando não deixar vestígios da nossa passagem.

Saber lidar com os imprevistos

Embora seja na maior parte dos casos uma atividade calma e tranquila, a fotografia de natureza pode também encerrar alguns perigos. Um deles está relacionado com os locais de passagem: zonas montanhosas, escarpas, lagos ou pisos escorregadios, por exemplo, exigem cuidados redobrados e a utilização de calçado adequado, de forma a evitar acidentes – tanto mais que, muitas vezes, esta atividade é realizada individualmente e o auxílio pode ser difícil, caso ocorra algo inesperado. Para quem se aventura por zonas com mais potencial de perigo, a aquisição de um localizador de GPS, com sistema de envio de SOS, pode ser um precioso aliado.

Outro aspeto a ter em atenção é a imprevisibilidade das reações de alguns animais quando veem o seu espaço ameaçado, especialmente quando sentem as suas crias em perigo. A regra de ouro será estudar o habitat antes de partir à descoberta e saber quais as espécies com que nos podemos ter de confrontar. Além disso, estudar o seu comportamento e modo de vida pode fazer toda a diferença entre obter ou não aquela fotografia que tanto ambicionamos. Os seus hábitos diários, as zonas que frequentam ou como se alimentam são dados essenciais para aumentar as possibilidades de sucesso.

Em alguns casos é sensato manter uma distância de segurança, utilizando para o efeito lentes com uma grande distância focal (teleobjetivas), que permitem fotografar de longe, sem perturbar o quotidiano dos animais. Dado o peso destas lentes, é recomendável a utilização de um tripé ou de um monopé, para ajudar a obter imagens mais estabilizadas.

Fotografar a flora pode ser também extremamente gratificante. Neste caso é conveniente ter uma lente macro na lista de equipamento fotográfico, pois permite captar os detalhes extraordinários da composição de plantas e flores. Para o realce dos objetos em relação ao fundo, deixando este último desfocado (o chamado bokeh), o princípio técnico básico é ajustar a lente para maiores aberturas de diafragma, reduzindo o que se designa por profundidade de campo.

A utilização das diversas técnicas depende muito do conhecimento e experiência do fotógrafo. Dispor de equipamento sofisticado ajuda, mas não é decisivo. Fundamental é ser muito persistente, ter gosto pela natureza, respeitá-la e partir à descoberta do admirável mundo que habitamos e partilhamos.