Águia-imperial-ibérica em recuperação

30 de Maio 2023

A Aquila adalberti, única ave de rapina nativa da Península Ibérica, tem enfrentado desafios significativos para a sua sobrevivência. Felizmente, os resultados das monitorizações mais recentes revelaram-se encorajadores para esta espécie ameaçada.

 

Os dados recentemente divulgados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre a recuperação da águia-imperial-ibérica trazem notícias promissoras: existem já 841 casais reprodutores em Portugal e Espanha.

Com um crescimento de 53% em toda a Península Ibérica e de 60% em território nacional – onde vivem, agora, 21 casais reprodutores e 20 crias voadoras –, estes números representam uma notável recuperação, tendo em conta que, em Portugal, a espécie chegou a ser considerada extinta enquanto reprodutora na década de 1980.

Conhecida pela aparência majestosa e hábeis capacidades de caça, esta ave de rapina emblemática da Península Ibérica sofreu um declínio acentuado ao longo das últimas décadas. Uma situação que se deve, principalmente, ao crescente desenvolvimento de infraestruturas elétricas, que impactam negativamente o seu habitat e resultam em eletrocussões acidentais, à perseguição direta e à utilização ilegal de venenos.

Perante este cenário, Portugal e Espanha uniram esforços e estabeleceram uma Estratégia de Conservação, implementando planos de ação para reverter a situação. Estes planos foram atualizados pela última vez em 2018, numa renovação do compromisso para a preservação e recuperação da espécie.

Os resultados positivos dos esforços conjuntos começaram a surgir no início do milénio, quando, em 2003, foi confirmada a presença de um casal reprodutor com ninho no Parque Natural do Tejo Internacional. Posteriormente, em 2006, verificou-se a existência de um segundo casal reprodutor na região do Alentejo.

Em fevereiro deste ano, o grupo de trabalho da águia-imperial-ibérica, constituído por representantes do ICNF, tutelado pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática em Portugal, e do seu congénere do Ministério da Transição Ecológica em Espanha, apresentou os mais recentes resultados do trabalho de acompanhamento e conservação desta espécie. O aumento significativo do número de casais reprodutores é encorajador, e, para confirmar a tendência, está previsto um novo censo a realizar ainda em 2023.

O que caracteriza esta espécie

  • A Aquila adalberti é uma ave de grande porte, com um bico robusto, garras muito fortes e plumagem maioritariamente escura, que varia entre o castanho e o negro, consoante o estado de maturidade em que se encontra. Distingue-se da águia-real pela cauda mais curta, asas retangulares e cor branca nos ombros e na coroa. Vive cerca de 16 anos.
  • Permanece nos habitats agroflorestais mediterrânicos, como os montados de sobro e azinho, e em zonas de montanha e vales fluviais com escarpas.
  • Nidifica em árvores integradas em áreas florestais extensas e tranquilas, para poder alimentar-se de coelhos e répteis.
  • As suas principais ameaças são causas não naturais, como a caça ilegal, a eletrocussão e colisão com cabos de energia, a diminuição das populações de coelho-bravo (o seu principal alimento) e o envenenamento.
  • Estatuto de conservação
    • Em Portugal: Criticamente em Perigo, desde 2005
    • Em Espanha: Em Perigo, desde 2004
    • Na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN): Vulnerável, desde 2021


Sabia que a águia-imperial-ibérica é uma das 252 espécies de fauna que habita as florestas plantadas geridas pela The Navigator Company, mentora do projeto My Planet? O investimento em ações de proteção da biodiversidade, conservação e restauro de habitats são uma prática diária da atividade da empresa.