Ainda vamos a tempo

18 de Maio 2022

Catarina Torres e Manuel Ruiz começaram muito cedo a preocupar-se com o ambiente. E fazem questão de “não se calar”, para que mais pessoas possam também fazer a sua parte. Com apenas 17 anos, a sua consciência e capacidade de ação são exemplares.

O documentário “Cowspiracy”, que a professora de Ciências do 8º ano mostrou na aula, foi decisivo para “o despertar”. A partir dali, Catarina, hoje estudante do 12º ano na Escola Profissional de Teatro de Cascais, pesquisou e leu muito sobre o assunto e percebeu que “a indústria pecuária era das mais prejudiciais para o ambiente: gasta muita água, ocupa muito solo e o metano emitido pelas vacas é dos principais responsáveis pela destruição da camada do ozono”. Deixou, por isso, de comer carne.

A par disto, tomou outras opções pelo ambiente. “Só compro roupa em segunda mão, a maquilhagem que uso é vegan e reduzi o máximo no consumo de plástico”, conta. Uma causa para a qual tenta, todos os dias, levar amigos e conhecidos. “Falo muito sobre isto”, diz, certa de que “há cada vez mais jovens a adotar gestos pelo ambiente”.

Reconhece que “uma pessoa sozinha não faz nada”, mas, nota, “se todos fizéssemos o mínimo, que é aquilo que eu faço, tudo seria diferente”. Consciente de que “a situação é crítica”, acredita, mesmo assim, que “ainda vamos a tempo” – “Tenho esperança na humanidade”, diz. Só que, avisa, “é precisa a ajuda de todos, em particular dos governos e das grandes empresas, para se tomarem, de imediato, as decisões acertadas”.

ambiente

Comunhão com a natureza

O amigo e colega de escola Manuel Ruiz, natural de Santiago do Cacém, partilha destas preocupações. Tudo começou por volta dos 12 anos, altura em que, “através da escola e de pesquisas na internet, aprendi muito mais sobre este problema que enfrentamos”, conta. “Desde cedo que reciclo e que tenho consciência do gasto doméstico de água”, prossegue. Aos 13 anos, começou a fazer voluntariado na Rota Vicentina: “Apanha-se lixo e protegem-se os ecossistemas, promovendo uma comunhão consciente e sustentável entre os seres humanos e a natureza”.

Além disso, prossegue, “tenho vindo a trabalhar na pegada ecológica e humana dos produtos que compro”. O que significa “ser consciente da origem dos produtos e da forma que impactam o planeta, ter a certeza que a marca do que estou a comprar tem como prioridades os direitos laborais dignos e um trabalho ambientalmente sustentável”. Tem vindo também a reduzir o consumo de carne e evita o consumismo, nomeadamente de produtos não reutilizáveis.

Gestos e atitudes que desempenha sem qualquer esforço. “Ajudar o planeta faz-me sentir bem. Pensar que o impacto a longo prazo do que estou a fazer é positivo, é mais que suficiente para mim: quando morrer, tenho a certeza de que deixei o mundo um bocadinho melhor do que estava, e não ao contrário”.