A desflorestação da Amazónia é uma preocupação mundial. Desde o ano 2000, esta que é a maior floresta tropical do mundo e o habitat com maior biodiversidade, perdeu mais de 8%, o que significa uma superfície equivalente a Espanha.
O Brasil, que representa mais de metade do total desta floresta tropical, está prestes a destruir, pelo terceiro ano consecutivo, mais de 10 000 km2 de floresta na Amazónia. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE), e mostram que, apesar de meio século de ativismo contra a desflorestação da Amazónia – que se tornou símbolo do movimento ambientalista moderno, nascido na década de 1970 –, esta continua em aceleramento vertiginoso.
A desflorestação aumentou desde que Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, com os analistas a culparem a sua política pró-desenvolvimento. De acordo com a organização não governamental WWF (World Wide Fund for Nature), só o projeto de lei que Bolsonaro voltou a levar ao Congresso possibilitará a desflorestação de 16 milhões de hectares da Amazónia até 2027.
E o pior, segundo um estudo envolvendo investigadores de vários países, publicado na revista Nature Climate Change no final de abril, é que a degradação da floresta tem sido ainda mais prejudicial do que a desflorestação. Entre 2010 e 2019, na Amazónia brasileira, as perdas de carbono foram 18% maiores do que os ganhos. A desflorestação foi responsável por 27%, mas os restantes 73% foram por conta da degradação. A degradação da floresta resulta da fragilidade das árvores na fronteira das zonas desmatadas, de pequenos incêndios e da mortalidade de árvores devido a seca.
A seca é, aliás, um fator de relevo nesta equação, tornando os problemas da floresta Amazónica num círculo vicioso: a destruição do apelidado “pulmão do mundo” reduz a capacidade da Terra de capturar e sequestrar carbono naturalmente, deixando o planeta mais suscetível às mudanças climáticas, o que, por sua vez, torna as florestas tropicais vulneráveis a ainda mais destruição.
