Ananás: a fruta tropical que sabe a verão

18 de Agosto 2025

Doce, sumarento e refrescante, o ananás é presença obrigatória em saladas, sobremesas, grelhados e sumos da estação. Mas, por muito familiar que seja o seu sabor, esta fruta tropical esconde algumas curiosidades surpreendentes. Venha descobri-las.

O ananás (ou abacaxi, já lá vamos à diferença) é uma planta tropical, nativa da América do Sul, que pertence à família das bromeliáceas, a mesma de várias plantas ornamentais que vemos em vasos ou jardins. A sua designação científica é Ananas comosus, e, apesar do nome em inglês – “pineapple” – não tem qualquer relação nem com maçãs (apples) nem com pinheiros (pine trees).

Na Europa, o ananás já foi um verdadeiro símbolo de luxo. Durante os séculos XVII e XVIII, era cultivado em estufas e reservado a banquetes de elites. Só no início do século XX, com a industrialização do cultivo e da conservação, é que este fruto se tornou verdadeiramente acessível a nível global. Um dos grandes responsáveis por essa mudança foi o empresário norte-americano James Drummond Dole, que, no início do século XX, instalou uma plantação de ananás no Havai e iniciou a sua produção em larga escala para exportação. Pouco depois, começou também a enlatar a fruta, tornando o ananás acessível a consumidores em todo o mundo.

Cresce como uma flor e só dá um fruto

O ananás não nasce numa árvore. A planta que o produz cresce rente ao solo, podendo atingir cerca de um metro de altura. Forma uma roseta de folhas pontiagudas e serrilhadas e, no centro dessa roseta, nasce uma haste que dá origem a uma única flor grande e violeta, da qual se forma o fruto.

Botanicamente, o que comemos é uma infrutescência – ou seja, um conjunto de pequenos frutos fundidos num único corpo. Daí o seu aspeto peculiar, com padrões geométricos e coroa frondosa. Cada planta de ananás produz um único fruto por ciclo. Após a colheita, pode gerar rebentos laterais, conhecidos como “filhotes”, que servem para multiplicar a planta e iniciar novos ciclos de produção.

Ananás ou abacaxi: qual é a diferença?

Ambos pertencem à mesma espécie (Ananas comosus), mas são variedades diferentes, com características distintas.

O abacaxi é o mais comum no Brasil e noutros países tropicais. É maior, mais doce, de casca mais fina e menos fibroso. Já o ananás tem um sabor mais ácido, um aroma intenso e uma casca mais espessa. Visualmente, também se distingue pela forma mais compacta e pela coroa menos exuberante.

Em termos comerciais, o abacaxi é frequentemente cultivado em larga escala para exportação (nomeadamente nas Américas e em países africanos tropicais), enquanto o ananás tem uma produção mais limitada e é apreciado pela sua qualidade e perfil sensorial distinto.

O ananás dos Açores: uma história com sabor a tradição

O ananás dos Açores com Indicação Geográfica Protegida (IGP) é um caso único e é produzido exclusivamente na ilha de São Miguel. Cultivado em estufas de vidro desde o século XIX, distingue-se pelo sabor agridoce, aroma intenso e textura suculenta. O clima húmido da ilha, os solos de origem vulcânica e os métodos tradicionais – como a fumigação natural com folhas secas para induzir a floração – contribuem para um fruto de qualidade excecional, valorizado pelo seu perfil sensorial distinto.

Demora cerca de dois anos a atingir a maturação, sendo colhido manualmente. A produção é limitada e controlada, e o fruto tem Indicação Geográfica Protegida (IGP) desde 1996, o que significa que só os ananases cultivados segundo o método tradicional açoriano podem usar esta denominação.

É um verdadeiro tesouro da agricultura nacional, e um símbolo da ligação entre o saber-fazer local e a biodiversidade do arquipélago.

Botanicamente, o que comemos é uma infrutescência – ou seja, um conjunto de pequenos frutos fundidos num único corpo. Daí o seu aspeto peculiar, com padrões geométricos e coroa frondosa.