Não têm asas, mas também não têm medo das alturas. Apresentamos-lhe alguns mamíferos, répteis e anfíbios que fizeram das árvores as suas casas.
Passam a maior parte do seu tempo nos troncos ou copas. Não são aves nem insetos, mas é lá que comem, dormem, brincam e cuidam dos filhos. As suas habilidades trepadoras e de equilíbrio revelam incríveis capacidades de adaptação ao habitat. É sobretudo nas florestas tropicais que se encontram estes mamíferos, répteis e anfíbios que, nem todos pelas mesmas razões, se afastaram do solo. Alimento, proteção e temperatura mais fresca contam-se entre as vantagens que as árvores oferecem aos chamados animais arborícolas. Vale a pena conhecer algumas destas espécies e as suas particularidades.
Társio
É um pequeno primata que evoluiu de forma a poder passar longos períodos abraçado a troncos de árvores, numa posição vertical, e a saltar facilmente de tronco para tronco. Os társios são animais pequenos (não têm mais de 15 cm de altura e pesam menos de 200 g). Têm olhos enormes, membros inferiores muito desenvolvidos e uns longos pés que lhes deram o nome (tarso é um osso do pé). Alguns dos dedos possuem garras, que facilitam o “abraço” aos troncos e ramos. São carnívoros e, durante os seus saltos entre árvores, conseguem capturar pequenas aves. Vivem nas ilhas do sudeste asiático.
Cobra-voadora
Existem cobras que passam grande parte do seu tempo no cimo das árvores das florestas tropicais que lhes servem de habitat. Mas o mais surpreendente é que, quando querem passar de uma árvore para a outra, voam. Na realidade, planam, mas podem fazê-lo percorrendo distâncias que atingem mais de 20 metros. Esta capacidade da espécie Chrysopelea paradisi facilita as suas deslocações e fugas a predadores.
Rãs e sapos
As rãs são quase sempre anfíbios terrestres, que vivem junto a zonas húmidas. Não se espera encontrá-las no cimo de uma árvore. Mas há algumas espécies, pertencentes à família Hylidae, que são mais aventureiras e que gostam das alturas. Estas espécies desenvolveram uma ferramenta fundamental nos dedos que se assemelha a discos adesivos e lhes permite subir e descer das árvores com facilidade.
Mas há outros anfíbios que parecem ter descoberto alguma vantagem em se afastar do solo. Investigadores da Universidade de Cambridge foram recentemente surpreendidos pela presença de sapos comuns em caixas ninho a três metros do chão. A descoberta foi feita em florestas no Reino Unido e a razão para terem subido tão alto é ainda desconhecida.
Iguana verde
As iguanas que habitam nas florestas tropicais têm a particularidade de usar a altura das árvores para definir hierarquias sociais. Podem viver várias na mesma árvore, mas, tal como para os humanos em relação aos apartamentos, os ramos mais altos são os mais valorizados. As iguanas são muito territoriais e defendem o seu lugar na árvore. Na época reprodutiva, essa defesa dá origem a lutas entre machos. Os ovos são postos pela fêmea durante um período restrito no meio da estação seca, de forma que a eclosão se dê perto do início da estação das chuvas – época em que as novas folhas das árvores são abundantes e mais fáceis de digerir pelas crias.
Coala
Ao contrário dos exemplos anteriores, o coala é sobejamente conhecido. Aliás, é uma das espécies mais populares do mundo. Roliço e pachorrento, vive “pendurado” em eucaliptos, passando cerca de 20 horas por dia a dormir. Os dedos largos e garras desenvolvidas permitem-lhe ficar bem seguro nos troncos das árvores.
“Koala” é uma palavra indígena que significa “animal que não bebe”. Este marsupial hidrata-se apenas com o que absorve das folhas de eucalipto, o seu alimento quase exclusivo. Mas não lhe serve qualquer eucalipto. Das 600 espécies que existem na Austrália, apenas 30, aproximadamente, dão sustento e casa a estes peluches selvagens.
Camaleão
Conhecidos pela sua capacidade de se camuflarem mudando de cor, os camaleões são répteis que passam a maior parte do seu tempo em cima de árvores. São animais lentos e nem para procurar a próxima refeição se mexem muito. Alimentam-se de insetos que apanham com a sua longa e ágil língua, sem precisarem de sair do sítio.
Em Portugal é possível encontrar o camaleão-comum (Chamaeleo chamaeleon) nos pinhais e pomares do Sotavento algarvio. É uma espécie autóctone do sul da Península Ibérica, Chipre e Creta.