Utilizamos as tecnologias de informação para entretenimento, trabalho e para nos relacionarmos uns com os outros. Mas temos conhecimento do custo climático das cadeias de e-mails, vídeos virais e conversas de grupos?
Um estudo publicado no ano passado sugere que a pegada de carbono das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é maior do que o estimado anteriormente e que, se nada mudar, continuará a aumentar.
Os investigadores da Universidade de Lancaster e da consultora Small World Consulting, no Reino Unido, reviram três dos principais estudos que avaliaram as emissões das TIC desde 2015. E concluíram que, embora a participação nas emissões globais de gases de efeito de estufa do setor esteja atualmente estimada entre 1,8 e 2,8%, quando são considerados todos os impactos da cadeia de abastecimento estes valores sobem para entre 2,1 e 3,9%.
Parece pouco quando comparado, por exemplo, com o impacto da eletricidade e aquecimento (31,9%), ou dos transportes (14,2%). Mas ganha outra dimensão quando pensamos que esta estimativa revista coloca as emissões das TIC acima da contribuição da indústria de aviação mundial, que ronda os 2%.
Os produtos e tecnologias de TIC geram emissões ao longo de todo o seu ciclo de vida, desde a mineração de minerais e metais, passando pela produção dos dispositivos e da energia que os alimenta, até ao seu eventual descarte. É esta cadeia complexa que os autores deste novo estudo dizem ter sido descurada nas investigações anteriores.
Além disso, havia desacordo sobre o que contava, efetivamente, como TIC. Por exemplo, alguns estudos incluíam as televisões, e outros não. Nesta reavaliação foram incluídas as televisões e outros produtos eletrónicos de uso pessoal.
Os autores deste estudo não só argumentam que as emissões das TIC são mais altas do que o inicialmente estimado, como afirmam que, provavelmente, vão continuar a aumentar: “A nossa análise sugere que nem todos os compromissos relativamente ao carbono são ambiciosos o suficiente para cumprir as metas climáticas, e que faltam mecanismos de controlo capazes de fazer cumprir essas mesmas metas. Sem uma restrição global de carbono, são necessárias regulamentações específicas do setor para manter a pegada de carbono das TIC alinhada com o Acordo de Paris”, lê-se no documento.