Fiéis confidentes, muitas árvores são o cenário romântico ideal, abrigando os amantes num refúgio que eterniza recordações – às vezes nos seus próprios troncos, onde ficam gravadas iniciais entrelaçadas. No mês do Dia dos Namorados, fomos descobrir árvores que, tradicionalmente, servem de cenário ao amor.
Quantas histórias de amor nasceram debaixo de uma árvore? E quantos primeiros beijos e olhares cúmplices foram trocados à sombra de um carvalho, de uma figueira ou de uma oliveira? Testemunhas de juras eternas e de declarações apaixonadas que selam compromissos, as árvores são guardiãs seculares de romances históricos ou anónimos.
Figueira dos Amores, com raízes na história de Pedro e Inês
Plantada no local onde Pedro e Inês trocaram juras de amor, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, a Figueira dos Amores é um dos monumentos vivos que continuam a servir de refúgio para encontros apaixonados.
Trata-se de um exemplar de figueira-da-austrália (Ficus macrophylla) plantado há 150 anos por um aristocrata colecionador de árvores. A árvore mítica está junto à Fonte dos Amores – cenário que testemunhou o amor trágico vivido por D. Pedro I, rei de Portugal, e Inês de Castro.
Eleita Árvore Portuguesa do Ano 2025, no concurso promovido pela União da Floresta Mediterrânica (UNAC), a Figueira dos Amores representa agora Portugal na competição europeia Tree of the Year 2025, organizada pela Environmental Partnership Association (EPA), cuja votação decorre até ao dia 24 de fevereiro no site oficial.
Esta árvore “é património vivo dos jardins e uma atração deste local de culto ao amor, sendo visitada por milhares de pessoas, que se encantam pela dimensão e beleza dos seus ramos, troncos e raízes”, lê-se no site do concurso. Mais do que a beleza, o tamanho ou a idade, a iniciativa Árvore Europeia do Ano pretende destacar a história, o valor cultural e a ligação emocional entre as árvores e a comunidade – requisitos que não faltam a esta figueira-da-austrália.
Amores abençoados por um sobreiro e por uma azinheira
A Figueira dos Amores foi a vencedora, mas entre as finalistas do concurso nacional de Árvore do Ano 2025 estavam pelo menos mais duas que seduzem casais apaixonados: o Sobreiro centenário e a Azinheira de Alportel.
Símbolo de tradição e simplicidade em Abela, Setúbal, o imponente Sobreiro centenário – que ficou em 3.º lugar no concurso –, conta com mais de 400 anos de uma história que, diz-se, já testemunhou votos de amor entre dezenas de casais, sob a sua vasta copa.
Em São Brás de Alportel, a Azinheira de Alportel (4.º lugar na competição) é igualmente conotada com a inspiração romântica. Debaixo dos seus 17 metros de altura, continuam a acontecer muitos encontros, beijos roubados ou pedidos de namoro. Com mais de dois séculos de idade, recebeu, em 1942, a classificação de Árvore de Interesse Público.
Da Alemanha e da França, com amor
Não podemos falar de árvores que servem de cenário a histórias de amor sem viajar até à Floresta de Dodauer, na Alemanha, onde se encontra o Carvalho dos Noivos, com mais de 500 anos. Famoso pela sua veia de cupido, testemunhou o final feliz de uma história de amor proibido entre um jovem casal alemão que, no século XIX, trocou secretamente cartas de amor, depositando-as no tronco da árvore. O caso inspirou milhares de apaixonados e o carvalho passou a receber tanta correspondência que, em 1927, o serviço de correios alemão atribuiu-lhe o seu próprio código postal.
Já em França, mais precisamente em Bayeux, na região da Normandia, encontramos uma faia-chorona que também tem servido de sombra aos amantes de muitas gerações, desde que foi plantada no século XIX. Depois de ter sido eleita, em 2024, Árvore Francesa do Ano, o município de Bayeux organizou uma iniciativa no Dia dos Namorados, decorando os ramos da faia e desafiando os casais apaixonados a fotografarem-se sob a sua impressionante copa. Classificada como monumento natural desde 1932, esta árvore é o maior tesouro vivo do jardim botânico de Bayeux.