As abelhas grandes memorizam a localização das melhores flores

26 de Abril 2021

As abelhas de maior dimensão dedicam algum tempo a aprender a localização das flores mais ricas em néctar, para que possam encontrá-las novamente com facilidade.

Um estudo(1) do final do ano passado, publicado na revista Current Biology, mostra que, no reino das abelhas, o tamanho conta. As maiores, depois de beberem de uma flor rica em néctar e decidirem que vale a pena visitá-la novamente mais tarde, realizam voos de aprendizagem, para estudar a localização ao redor das flores e decorar o caminho. As abelhas menores também tentam memorizar o local das flores, mas não são tão exigentes.

No voo de aprendizagem, as abelhas voam lentamente em redor da flor e, de seguida, para longe dela, olhando para trás, para o ambiente que a rodeia. Assim, memorizam a flor e a paisagem à sua volta. Na viagem seguinte, a abelha combina o que vê com o ambiente que memorizou, e isso leva-a de volta ao local da flor escolhida.

“Este investimento no voo de aprendizagem compensa nos voos subsequentes, nos quais a abelha pode encurtar o tempo de viagem e ir diretamente para os locais das flores mais recompensadoras”, refere Natalie Hempel de Ibarra, co-autora do estudo e professora associada do Centro de Pesquisa em Comportamento Animal da Universidade de Exeter.

Para o estudo, os investigadores montaram uma experiência numa estufa, onde puderam observar abelhas em cativeiro a visitar flores artificiais contendo concentrações variadas de soluções de açúcar. Câmaras voltadas para baixo capturaram os voos de aprendizagem das abelhas.

As flores colocadas na estufa tinham soluções de açúcar variando de 10% a 50% de sacarose. Quando a concentração era mais elevada, as abelhas maiores passavam mais tempo a circular as flores e a fazer voos de aprendizagem. Quando a concentração era menor, este tempo tendia a diminuir. Já as abelhas mais pequenas, empreendiam a mesma quantidade de esforço a aprender onde as flores estavam, não importando se a concentração de sacarose era baixa ou alta.

De acordo com os investigadores, é provável que esta diferença reflita os diferentes papéis das abelhas nas suas colónias. “As abelhas grandes são capazes de transportar cargas maiores e explorar mais longe do ninho. As pequenas, com um alcance de voo e capacidade de carga menores, não se podem dar ao luxo de ser tão seletivas e, portanto, aceitam uma variedade maior de flores”, conclui o estudo.

(1) Frasnelli, Elisa, et al. “Small and Large Bumblebees Invest Differently when Learning about Flowers.” Current Biology, 2020, doi:10.1016/j.cub.2020.11.062