Biodiversidade das florestas: protegê-la é protegermo-nos

26 de Abril 2024

A maior parte das espécies de fauna e flora terrestres vive nas florestas. Dessa rede de relações dependem inúmeros serviços de ecossistema vitais para a Humanidade.

Ainda que não seja possível garantir números de elevada precisão no que diz respeito à biodiversidade planetária, há um dado que é consensualmente aceite: os espaços florestais albergam 80% das plantas e animais terrestres. Assim sendo, não é difícil perceber o alerta que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) faz no seu relatório “The State of the World’s Forests 2022” (SOFO 2002): a conservação da biodiversidade global depende totalmente da forma como interagimos e utilizamos as florestas.

Povoadas por mais de 60.000 espécies diferentes de árvores, vivem nas florestas de todo o mundo 80% das espécies de anfíbios, 75% das espécies de aves e 68% das espécies de mamíferos. Os dados são da FAO, que reforça a importância destes habitats referindo que “devemos tomar medidas ousadas para reverter a perda de floresta e da sua biodiversidade, para benefício das gerações atuais e futuras”.

As florestas fornecem-nos água, providenciam meios de subsistência a milhões de pessoas em todo o mundo, são fundamentais na mitigação das alterações climáticas e têm um papel essencial na produção sustentável de alimentos. Todos estes serviços de ecossistemas dependem do seu equilíbrio e da sua riqueza em biodiversidade.

Um equilíbrio onde todas as espécies contam

A biodiversidade florestal diz respeito a todas as formas de vida aí encontradas, desde as árvores aos micro-organismos, passando pelos animais e uma infinidade de plantas – e aos papéis ecológicos que todos desempenham. Ou seja, relembra a FAO, “a diversidade biológica da floresta deve ser considerada em diferentes níveis, incluindo ecossistema, paisagem, espécies, população e genética”. Entre esses níveis – e dentro desses níveis – ocorrem interações complexas, “que permitem que os organismos se adaptem às condições ambientais em constante mudança e mantenham as funções do ecossistema”.

As árvores fornecem alimento (folhas, frutos, sementes, flores, pólen, casca e raízes), abrigo e local de reprodução para muitos animais. E não se pense que o seu papel é importante apenas enquanto estão vivas. Mesmo as árvores mortas são usadas pelos pássaros, pequenos mamíferos e outra vida selvagem, como armazém, maternidade, alimento e habitação. Além disso, troncos caídos retêm a humidade e os nutrientes que ajudam novas plantas a crescer e alimentam os organismos do solo.

Todos as espécies que constituem a biodiversidade florestal fazem parte e contribuem, de inúmeras formas, para um equilíbrio que tem tanto de maravilhoso quanto de frágil. Algumas dessas formas são bem conhecidas, como o alimento que as árvores fornecem a tantas espécies de seres vivos, ou o facto de os excrementos e cadáveres dos animais enriquecerem a matéria orgânica do solo, que serve de alimento às plantas do ecossistema. Outras são menos faladas, mas igualmente importantes. Por exemplo, quando uma praga de insetos “ataca” e “mata” uma árvore, geralmente é a que apresenta maior debilidade, o que contribui para um património genético tendencialmente mais saudável, uma estrutura florestal mais diversa e maior entrada de luz no habitat.

Muito útil é também o “trabalho” de pequenos herbívoros que comem diligentemente ramos e arbustos, desbastando o sub-bosque e o potencial combustível de incêndios. Estes pequenos animais têm também um papel relevante ao ajudarem a dispersar sementes, muitas vezes a uma distância considerável. Estima-se que um único esquilo consiga espalhar 20 mil pinhas durante um ano!

É uma intrincada rede que faz com que em cada quilómetro quadrado de floresta possam viver mais de mil espécies. Todas elas contam. Todas elas são importantes.

As florestas plantadas protegem a biodiversidade

Nas florestas sob responsabilidade da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, a conservação da biodiversidade é um valor prioritário que integra toda a sua estratégia de gestão responsável. Através do programa de monitorização, que promove todos os anos, foi possível identificar cerca de 1.000 espécies e subespécies de flora e 253 espécies de fauna nesse património florestal que se estende por cerca de 107 mil hectares em Portugal continental. Destes, cerca de 191 hectares foram, em 2023, alvo de restauro ecológico, com o objetivo de manutenção ou melhoria do estado de conservação de habitats naturais e seminaturais.

A conservação da biodiversidade global depende totalmente da forma como interagimos e utilizamos as florestas. A FAO considera que são precisas medidas ousadas para reverter a perda de floresta e a sua biodiversidade, para benefício das gerações atuais e futuras.