É um importante polinizador, que entrou na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas em julho do ano passado. Relatórios recentes demonstram que a tendência de declínio nas populações da borboleta-monarca continua a acentuar-se.
É conhecida e admirada pela espetacular viagem que todos os anos realiza ao longo de cerca de quatro mil quilómetros. No final do verão, a pequena e delicada borboleta-monarca migratória (Danaus plexippus plexippus), voa das suas regiões de origem, Canadá e Estados Unidos, para os habitats de invernada, no México, onde se abriga dos ventos, da chuva e das baixas temperaturas.
Mas o número destas borboletas tem vindo a decrescer de forma preocupante, com consequências globais ao nível da polinização e da produção alimentar. A sua população diminuiu entre 22% e 72% durante a última década, segundo um relatório da International Union for Conservation of Nature (IUCN), de julho de 2022. Uma quebra que levou à sua inclusão na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, estando agora classificada como “Em Perigo” de extinção.
Desde então, a tendência não se alterou, pelo contrário. O WWF (World Wide Fund for Nature) revelou recentemente que, só no último ano, a presença da monarca migratória nos territórios de invernada diminuiu 22%.
Factores de ameaça
A destruição de habitats é o principal fator por trás desta quebra acentuada. Por um lado, a utilização intensiva de pesticidas e herbicidas, nos campos agrícolas, elimina as borboletas e as plantas das quais se alimentam. Por outro lado, a desflorestação em grande escala, para libertar terrenos para fins agrícolas ou urbanísticos, tem levado à perda de áreas importantes nas zonas onde esta espécie se abriga durante o inverno.
Também os efeitos das alterações climáticas têm tido um forte impacto na sobrevivência da monarca migratória. As secas afetam o crescimento das asclepias (plantas que são a sua principal fonte de alimento) e as temperaturas extremas têm sido responsáveis pela morte de milhões de borboletas.
Todo um equilíbrio em risco
A preocupação relativamente à existência de uma quantidade suficiente de borboletas que permita manter as populações e evitar a extinção não está apenas relacionada com o valor que a espécie tem, só por si, mas também com todo um equilíbrio de sistemas que ficará ameaçado. Se tivermos em conta que 80% da produção alimentar agrícola depende de polinizadores como a borboleta-monarca, é fácil perceber como seremos todos afetados com o desaparecimento destes insetos.
A boa notícia é que os esforços de conservação da espécie já estão em andamento. Vários programas de preservação foram iniciados em todo o mundo, incluindo a proteção de habitats críticos, a criação de corredores de habitat, a plantação de asclepias, a redução de pesticidas e a educação pública sobre a importância da borboleta-monarca na natureza.
Em Portugal
No nosso país, é possível encontrar populações de borboleta-monarca residentes no Algarve e no Alentejo litoral, em áreas onde a planta hospedeira, o algodoeiro-falso (Gomphocarpus fruticosus), está presente. Estes grupos não apresentam, contudo, as características migratórias da subespécie Danaus plexippus plexippus.
