As borboletas evocam em nós imagens de sol e calor, prados floridos e jardins de verão cheios de cor e vida. A sua beleza poética é a primeira coisa que nos atrai, mas estes insetos são, antes de mais, espécies com um importante papel no equilíbrio dos ecossistemas.
Existem cerca de 18.000 espécies de borboletas e cerca de 160.000 espécies de traças no mundo, de acordo com os últimos dados da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). Devido a esta enorme biodiversidade, ainda temos muito que aprender sobre elas.
Para além do seu próprio valor intrínseco e direito de conservação por mote próprio, estes minúsculos insetos têm uma enorme importância ecológica e são frequentemente considerados bioindicadores de saúde ambiental: por serem tão frágeis, são vulneráveis a pequenas mudanças no ecossistema, o que os torna bons “alarmes” sobre alterações que aconteçam.
As borboletas são importantes insetos polinizadores, pelo que muitas plantas com flor dependem delas para se reproduzirem. São também presa de vários animais, entre répteis, aves, anfíbios e mamíferos, desempenhando um papel vital na cadeia alimentar.
Por tudo isto, é preciso protegê-las, pelo que é essencial aprendermos mais sobre elas. E a primeira medida passa por monitorizar as suas populações. Em Portugal, esse registo faz-se desde 2019, através do Censos de Borboletas, coordenado pelo Tagis, Centro de Conservação de Borboletas de Portugal. Este projeto faz parte do Plano Europeu de Monitorização de Borboletas (eBMS – European Butterfly Monitoring Scheme) e já registou mais de 29 mil borboletas desde o seu início. Três anos são, contudo, ainda um período curto para avaliar tendências nas populações.
É preciso continuar este trabalho e a boa notícia é que todos podemos contribuir, envolvendo-nos neste movimento de ciência cidadã. Como? Juntando o útil ao agradável e aproveitando as nossas caminhadas para contar borboletas. Saiba mais sobre os Censos e como ajudar no site do Tagis.
Observar borboletas
Tal como a observação de aves se tornou uma atividade importante do turismo de Natureza, a observação de borboletas vai ganhando cada vez mais adeptos. A primavera é a altura ideal para estar atento e para as procurar em cada caminhada.
Para observar borboletas, devemos procurar locais com flores em dias de sol. De manhã cedo, ficam de asas abertas a apanhar a luz solar. Acumulam assim energia para poderem depois voar.
Dizem que quando uma borboleta pousa em nós isso é um sinal de boa sorte. Mas só encontrá-las e contemplá-las será, com certeza, suficiente para ficar com aquela boa sensação de ter ganho o dia.
Não, não é o facto de umas se alimentarem do néctar das flores e outras se alimentarem da nossa roupa… A ordem Lepidóptera divide-se em dois grandes grupos: as borboletas diurnas e as borboletas noturnas – estas últimas são também chamadas de traças ou mariposas. No entanto, nem todas as borboletas noturnas voam apenas à noite, e nem todas as chamadas traças são castanhas e pardacentas: também podem ter cores garridas e competir, em beleza, com as “colegas” diurnas.
