O coelho-bravo está em perigo de extinção

25 de Fevereiro 2022

O estatuto de conservação do coelho-bravo passou de espécie “Quase Ameaçada” para “Em Perigo”. Nativo de Portugal e Espanha, este pequeno mamífero faz falta à biodiversidade nacional.

Em 2019, tendo em conta uma descida global estimada de 70% na população de coelho-bravo, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) retirou-lhe a classificação de espécie “Quase Ameaçada”, que tinha desde 2005, e passou-o para a lista “Em Perigo” de extinção.

Depois de muito afetadas pela destruição do seu habitat e por doenças como a mixomatose e a doença hemorrágica viral, as populações de coelho-bravo em Portugal estavam a recuperar, até 2012, altura em que começaram novamente a cair, de acordo com um estudo publicado na revista científica Nature.

Este pequeno mamífero é uma espécie basilar nos ecossistemas mediterrânicos. Por um lado, é presa fundamental da maior parte dos predadores que ocorrem na Península Ibérica, nomeadamente do lince-ibérico (“Em Perigo” no território nacional) e da águia-imperial-ibérica (“Criticamente em Perigo”). O artigo da Nature refere que, quando as populações de coelho diminuíram, deu-se uma queda no número de fêmeas reprodutoras de lince e de crias nos ninhos de águia-imperial, resultando numa quebra de 65,7% na fecundidade do lince-ibérico e de 45,5% na fecundidade da águia-imperial. Por outro lado, é uma das principais espécies cinegéticas no quadro venatório nacional e ibérico, com impacto, por esta via, nos sistemas socioeconómicos subjacentes a esta atividade.

O coelho-bravo existente em Portugal pertence à subespécie Oryctolagus cuniculus algirus. Tem uma distribuição generalizada, mas uma presença cada vez menos notada, por força do declínio das populações. Nas áreas florestais da The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, é uma das 245 espécies de fauna identificadas e protegidas, em prol da conservação da biodiversidade.

coelho

O coelho-bravo distingue-se pelas patas traseiras desenvolvidas, que o tornam apto para o salto. A pelagem varia consoante as regiões, sendo acinzentada com tons amarelados ou acastanhados, e a barriga e a parte de baixo da cauda, brancas. Vive em colónias que habitam em sistemas de túneis escavados em zonas de interligação entre culturas, prados e mato.