ONU celebra os 50 anos do Dia Mundial do Ambiente com repto para encontrarmos soluções para a poluição por plástico.
Realizado anualmente desde 1973, o Dia Mundial do Meio Ambiente é a principal plataforma das Nações Unidas para encorajar a consciencialização e ação mundial pelo ambiente, celebrando o poder de governos, empresas e indivíduos para criar um mundo mais sustentável.
No ano em que o evento celebra o 50º aniversário, o tema da efeméride foca-se nas soluções para a poluição por plástico e assenta na campanha global #BeatPlasticPollution (#CombaterAPoluiçãoPorPlástico, numa tradução livre). Um tema que surge no seguimento da resolução adotada em 2022 na Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, no sentido de desenvolver um instrumento juridicamente vinculativo sobre poluição por plástico, a concluir até final de 2024.
Já em maio deste ano, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou o relatório “Fechar a Torneira: Como o mundo pode acabar com a poluição por plástico e criar uma economia circular”, no qual se afirma que a poluição por plástico pode ser reduzida em 80% até 2040 se os países e as empresas fizerem mudanças profundas nas políticas e no mercado.
Atualmente, o mundo produz 430 milhões de toneladas de plástico por ano, dos quais mais de dois terços são produtos de vida curta, que rapidamente se tornam resíduos, e uma quantidade crescente (139 milhões de toneladas em 2021) vai para o lixo após um único uso. Se tudo continuar na mesma, a produção de plástico vai triplicar até 2060.
As pesquisas também mostram que, num cenário de “tudo na mesma”, o plástico poderá emitir, até 2040, 19% das emissões globais de gases de efeito estufa permitidas num contexto de aquecimento máximo de 1,5 °C. O que, em termos práticos, colocaria essa meta definida no Acordo de Paris fora de alcance.
Como podemos, então, intervir? O PNUMA pede três grandes mudanças de comportamento no mercado: reutilização, reciclagem, reorientação e diversificação dos produtos.
Reutilização: Promover opções de reutilização – onde se incluem garrafas reutilizáveis, dispensadores a granel, esquemas de caução, esquemas de devolução de embalagens, etc. – tem potencial para reduzir em 30% a poluição por plástico até 2040.
Reciclagem: Se a reciclagem se tornar um negócio mais estável e lucrativo, a redução da poluição por plástico até 2040 pode ser superior a 20%. Isto implicaria aumentar a parcela de plásticos economicamente viáveis de reciclar dos atuais 21% para 50%, o que pode ser conseguido com medidas como a uniformização de regras de fabrico, a aplicação de diretrizes de design que melhorem a reciclagem, e o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis.
Reorientação e diversificação: A substituição de produtos, como embalagens de comida pronta, saquetas e invólucros de plástico, por produtos feitos de materiais alternativos – como papel ou materiais compostáveis – pode proporcionar uma redução adicional de 17% na poluição por plástico.
A substituição de produtos de plástico por outros feitos de materiais alternativos, como o papel, pode proporcionar uma redução adicional de 17% na poluição por plástico.
Do fóssil à floresta
Os produtos de base florestal assumem um protagonismo importante neste novo paradigma, considerando a substituição do plástico de origem fóssil. Com destaque para o papel, por todas as características que lhe são inerentes: natural, reciclável e biodegradável, tem na sua origem o maior sequestrador terrestre de carbono – a floresta –, e no seu processo produtivo uma indústria que aposta na descarbonização e na investigação de bioprodutos, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
A The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, está na vanguarda desta transição para uma bioeconomia circular de base florestal. A sua gama gKRAFT de papéis de embalagem é já uma realidade enquanto solução sustentável num mercado tradicionalmente dominado pelos plásticos de uso único.
Resultado de um trabalho tecnológico realizado pelo RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel (Laboratório de R&D detido pela The Navigator Company, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia), esta gama de papéis tem como elemento diferenciador a utilização de fibra de Eucalyptus globulus, que lhe confere benefícios em relação a outras fibras celulósicas. Nomeadamente, o menor consumo de madeira para produzir o mesmo volume de papel, a maior compostabilidade, a maior reciclabilidade, e a geração de reciclados, a posteriori, de melhor resistência. A par das vantagens ambientais, o gKRAFT apresenta um importante argumento de segurança e higiene alimentar: na sua produção é utilizada apenas fibra virgem, o que, ao contrário da fibra reciclada, evita o perigo de contaminações.
O papel para embalagem gKRAFT, da The Navigator Company, substitui vários plásticos de uso único.
A Navigator está também a trabalhar numa nova área de negócio que fornecerá mais alternativas para o setor das embalagens e os seus plásticos de utilização única, recorrendo à celulose moldada. Numa fábrica a ser construída em Aveiro e que deverá começar a operar durante 2024, vão produzir-se embalagens para, por exemplo, transporte de alimentos de takeaway. São recipientes que podem substituir os de alumínio ou esferovite – de origem fóssil – que encontramos nos supermercados, a embalar alimentos como carne, fiambre ou queijo.
Os parceiros de I&D da Companhia, encabeçados pelo RAIZ, estão a desenvolver, propriedades barreira a óleos e gorduras, para estas embalagens que pressupõem contacto alimentar, com o objetivo de encontrar alternativas à plastificação, em linha com a preocupação base de desenvolver produtos e processos ambientalmente sustentáveis.
O papel gKRAFT e as embalagens de celulose moldada fazem parte da Agenda From Fossil to Forest, uma das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial, aprovada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), liderada pela The Navigator Company. Une a indústria à investigação de vanguarda, com o objetivo de encontrar soluções de embalagem sustentáveis, que tenham por base uma matéria-prima natural e renovável.