Como sobe a água até à folha mais alta de uma árvore?

28 de Março 2025

O segredo está no xilema, um sofisticado e eficiente sistema de vasos e válvulas, que não exige qualquer gasto de energia e ainda assume a função de filtrar a água. A natureza no seu melhor.

Tal como acontece com todos os seres vivos, a sobrevivência das árvores e das plantas depende da existência de água. Este recurso é imprescindível para a realização da fotossíntese, mas também para a regulação da temperatura e para o transporte dos nutrientes que asseguram as funções vitais destes organismos.

Mas como garantem as árvores a subida da água das raízes até às folhas? Em alguns casos, esse percurso representa uma distância, em altura, de várias dezenas de metros. Sem a gravidade para ajudar, a natureza, engenheira admirável, criou um sofisticado sistema que assegura a subida do precioso líquido e a sua distribuição por todas as células da árvore.

Este sistema, composto por uma estrutura interna de vasos, é tão determinante que fez com que as espécies que o possuem, e que constituem a maior parte do mundo vegetal, sejam consideradas plantas vasculares. Os tecidos vasculares das árvores e plantas são os tecidos mais abundantes que existem na Terra. Por curiosidade: as algas e o musgo são plantas avasculares, pois não possuem este sistema de vasos – é a sua ausência que faz com que tenham menos material estrutural.

Pelo xilema acima, sem esforço nem dispêndio de energia

As plantas vasculares possuem dois sistemas de vasos. O primeiro é o chamado xilema, que transporta, no sentido ascendente, a água e os sais minerais, ou seja, a seiva bruta. O segundo, o floema, é responsável por levar a seiva elaborada – uma solução de aminoácidos e açúcares – em sentido contrário.

A água entra no xilema através das raízes, que a absorvem. Como as plantas estão constantemente a libertar água pelas folhas, através da transpiração, essa libertação cria uma pressão negativa no sistema, o que faz com que mais água seja “obrigada” a subir. Apenas uma percentagem mínima da água absorvida pelas plantas é utilizada na fotossíntese. A restante é lentamente libertada para a atmosfera, assegurando o seu regresso ao solo em forma de chuva. Mas assegurando também que, pelo xilema acima, a água vinda das raízes continua a subir, sem qualquer gasto de energia para a árvore.

O segredo está nas válvulas

Mas não é tudo assim tão simples. Os vasos do xilema não são como uma palhinha, com um interior oco por onde o líquido corre livremente. Eles são antes compostos por pequenas secções ou compartimentos, cada um com poucos milímetros de comprimento e separados uns dos outros por válvulas. Estas respondem à diferença de pressão (provocada pela transpiração), abrindo-se apenas o suficiente para deixar passar mais água. Ao mesmo tempo, asseguram uma espécie de filtragem, ou seja, impedem a passagem de muitos potenciais contaminantes e micróbios indesejados.

O sistema só funciona se não existir ar em circulação dentro dele, pois a sua presença impedirá que a pressão negativa aconteça. Se uma lesão no tronco permitir a entrada de ar, os sistemas de válvulas fecham as “secções” afetadas, impedindo que a água continue a entrar nelas. O facto de terem uma curta dimensão facilita esta resposta SOS, garantindo que não entra demasiado ar no sistema, e que a sobrevivência de todo o organismo não é posta em causa.

O xilema tem também uma função importante na sustentação da planta e no armazenamento de nutrientes. Juntamente com o floema, é um sistema engenhoso, resultante da evolução das plantas vasculares, e permitiu que estas cobrissem a Terra muito antes de os animais aparecerem. O sistema vascular das árvores garante o importante papel das florestas no equilíbrio do ciclo hidrológico, no arrefecimento do Planeta e, em última análise, na continuação da vida na Terra.

Os tecidos vasculares das árvores e plantas são os tecidos mais abundantes que existem na Terra. O xilema assegura o transporte da água e sais minerais – a seiva bruta –, desde a raiz até às folhas