Descarbonização: por que é tão importante

8 de Setembro 2021

Sendo o dióxido de carbono o gás com maior impacto no aquecimento global, para manter as temperaturas em níveis aceitáveis para a sobrevivência humana e do planeta é urgente uma descarbonização profunda e acelerada.

Até 2040, o planeta vai aquecer mais de 1,5°C relativamente ao período pré-industrial. A previsão é do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) e é preocupante porque este era o limite fixado para o aquecimento global no Acordo de Paris quando, em 2015, 197 países concordaram reduzir o uso de combustíveis fósseis e a emissões de CO2 para atingir a neutralidade carbónica global até 2050.

Desde então, a União Europeia (EU) assumiu o compromisso de se tornar a primeira economia e sociedade com impacto neutro no clima, com uma redução das emissões com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030.

Sendo o dióxido de carbono o gás com maior impacto no aquecimento global – representa 65% dos gases com efeito de estufa, seguido pelo metano (16%) – a descarbonização tornou-se, assim, uma emergência universal que tem de envolver cidadãos, empresas e governos.

Mas estará a atingir os resultados necessários? O sexto relatório do IPCC refere que algumas alterações climáticas são já “irreversíveis”, que a influência humana é “inequívoca” e que os eventos climáticos extremos serão mais frequentes e intensos nos próximos anos. Por isso, o alerta dos 230 cientistas reforça a necessidade de redução “imediata, rápida e em larga escala” dos gases com efeito de estufa ainda durante esta década.

Travar o perigo

A utilização de combustíveis fósseis é a principal fonte de CO2. Portanto, para reduzir as emissões de dióxido de carbono da atividade humana para a atmosfera é preciso tornar a economia mais verde, alterando a forma como é produzida e consumida a energia: substituir os combustíveis fósseis (petróleo e carvão) por energias renováveis e de fontes que produzam pouco carbono; reduzir o consumo global de energia; e apostar numa economia circular, que reutiliza os recursos.

Acelerar a descarbonização exige que as empresas alterem processos e que os cidadãos reavaliem aquilo que compram e a forma como se deslocam.

Segundo o IPCC, se o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa for mantido, o planeta vai aquecer ainda mais: a temperatura global vai subir 2,7°C em 2100. Para se perceber a gravidade da situação, basta recordar que da última vez que a temperatura média do planeta esteve 2°C acima da atual, o nível do mar estava seis metros acima do de hoje. Uma subida desse género deixaria submersas inúmeras zonas costeiras e milhões de pessoas teriam de ser deslocadas. Além disso, os extremos de calor atingiriam o nível crítico de tolerância e os níveis de oxigénio baixariam.

Mas a crise climática não vai afetar todas as regiões do mundo da mesma forma. Na Europa, prevê-se que as temperaturas aumentem numa média superior à do aquecimento global, estando Portugal numa das regiões mais vulneráveis, por ser um país do Mediterrâneo. O relatório do IPCC prevê diminuição da precipitação no verão, com secas mais frequentes e mais intensas.

Perante este cenário, 82 empresas nacionais assinaram em julho passado o manifesto do BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, intitulado “Rumo à COP26” (a próxima Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que se realiza em novembro deste ano, em Glasgow, no Reino Unido). Este manifesto apresenta 11 objetivos para travar as alterações climáticas, que refletem a ambição de uma resposta global e coletiva.

A The Navigator Company, mentora do projeto My Planet, é uma das signatárias, dando seguimento ao seu compromisso com a natureza e o planeta. Em 2019, foi uma das primeiras do mundo a antecipar os objetivos de neutralidade carbónica dos seus complexos industriais em 15 anos, face às metas nacionais e europeias. Assim, em 2035 terá reduzido as suas emissões de carbono em 86%.