Desconfinar na natureza

25 de Agosto 2021

O chilrear dos pássaros, o verde das árvores, a água a correr ao longe, o inconfundível cheiro a eucalipto. A Quinta de São Francisco, a poucos quilómetros de Aveiro, é o local ideal para desfrutarmos do poder da natureza.

O imponente Eucalyptus globulus que nos dá as boas-vindas à entrada da propriedade é um exemplar centenário, que prende a atenção e deixa no ar promessas do que poderemos encontrar nos restantes 14 hectares.

É à paixão pela floresta do antigo proprietário da quinta, Jaime de Magalhães Lima, que se deve boa parte da biodiversidade aí presente. Só de eucalipto, um género novo à época (início do século XX), plantou 89 espécies, ajudado pelo cunhado, diretor do Jardim Botânico de Coimbra, que lhe arranjava as sementes e plantas de terras distantes e contribuía com os conhecimentos científicos para a sua instalação.

Em 1982, a Quinta de São Francisco foi adquirida pelo então Portucel, hoje The Navigator Company, para aí instalar um centro de investigação, dado o importante arboreto que já compreendia, com árvores centenárias que os herdeiros de Jaime de Magalhães Lima sempre se recusaram a cortar.

Em 1984, a Portucel plantou no vale um novo arboreto de eucaliptos, expandido em 87 e novamente em 91. Ao todo, já se experimentou plantar na Quinta de São Francisco 170 espécies de eucalipto! Nem todas vingaram, pelo que, atualmente, estão ali representadas cerca de 100.

Montra de biodiversidade

A quinta estende-se pelo vale virado a sul, ao longo de 14 hectares. E embora, de fora, sejam as copas altas dos eucaliptos que dominam a paisagem, no interior percebemos a imensa variedade vegetal: mais de 200 espécies de árvores e arbustos, totalizando mais de 400 espécies ao todo, incluindo herbáceas.

A fauna também abunda. Javalis, raposas, coelhos, esquilos, pássaros, répteis, anfíbios e insetos, de várias espécies, tamanhos e feitios.

Passamos por carvalhos centenários, cedros, ciprestes, magnólias, tulipeiros, palmeiras, fetos, musgos, líquenes, freixos, amieiros, salgueiros, lódãos, sabugueiros camélias e até uma sequoia, a espécie mais alta do mundo, plantada em 1901 por Jaime de Magalhães Lima.

Aprendemos que o bambu é, tecnicamente, uma erva, que os maiores do mundo podem chegar aos 42 metros de altura, e que algumas espécies crescem um metro por dia!

Vemos eucaliptos de várias alturas, com vários tipos de casca, vários feitios de folhas, e até um com cheiro a limão.

Imperdível. As visitas estão limitadas, devido à pandemia, mas vão sendo gradualmente liberadas à medida que as condições de saúde pública vão melhorando. Em qualquer circunstância, a marcação prévia é obrigatória, quer se trate de um grupo ou de visitas individuais. A inscrição é feita no site: http://raiz-iifp.pt/visite-nos

Em 1996, entrou aqui em funcionamento o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, que desenvolve investigação e presta consultoria nas áreas florestal e tecnológica.