Dunas: proteger as barreiras que nos protegem

3 de Agosto 2023

As dunas desempenham um papel crucial na proteção das áreas costeiras, atuando como barreiras naturais contra o avanço do mar. Mas são também ecossistemas preciosos, que é preciso proteger.

Se pensarmos que o aquecimento global já provoca, e irá continuar a provocar, uma subida do nível do mar – segundo a Organização Meteorológica Mundial, este aumentou, em média, 4,62 mm por ano entre 2013 e 2022, e atingiu um novo recorde no ano passado, devido ao degelo e a níveis recordes de calor nos oceanos, que provocam a expansão da água –, é fácil perceber que os riscos de inundações são cada vez maiores e preocupantes para quem vive em zonas costeiras. Só na Europa, estima-se que este problema já afete cerca de 200 milhões de pessoas e, segundo a Agência Europeia do Ambiente, muitas zonas do nosso continente poderão sofrer 10 vezes mais inundações costeiras até 2100, dependendo da trajetória das emissões de gases com efeito de estufa que causam as alterações climáticas.

As dunas de areia são também ecossistemas valiosos, que sustentam uma variedade de plantas e animais, incluindo polinizadores e muitas espécies raras. Apesar da sua grande importância, os sistemas dunares são dos mais ameaçados do planeta: surgem na Lista Vermelha de Habitats, da Comissão Europeia, como o habitat mais ameaçado, e algumas das espécies raras que albergam figuram na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Embora na atualidade as dunas sejam maioritariamente ambientes protegidos e prioritários para os gestores costeiros, nem sempre foi assim. Só nos últimos 80 anos, cerca de 90% da areia aberta desapareceu.

Como podemos todos nós ajudar a proteger as dunas?

Para acautelar os danos que possam ser causados às dunas pela ameaça climática, a União Europeia tem desenvolvido um conjunto de iniciativas, em que se inclui o projeto “DUNES. Sea, Sand, People”, liderado por Joana Gaspar Freitas, investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa. O objetivo é introduzir uma nova abordagem, implementando metodologias de recuperação, que passam pela plantação de vegetação nativa e pela reintrodução de espécies vegetais autóctones.

Mas todos podemos, e devemos, contribuir para a proteção destas áreas. As atividades rotineiras mais prejudiciais incluem pisá-las, acampar, fazer fogueiras, praticar desportos, passear cães ou atividades de recreio motorizadas (motos, moto 4…).
Assim, o melhor que podemos fazer pelas dunas é evitá-las. Quando isso não for possível, devemos respeitar as indicações sinalizadas, observar a vida selvagem à distância e caminhar nos percursos marcados. Da mesma forma, é importante não colher areia, conchas, plantas ou pedras, nem deixar lixo.