A 2 de fevereiro assinala-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas. Este ano, o foco vai para a importância que estas áreas desempenham para o bem-estar humano e para o equilíbrio do Planeta.
Estuários, sapais, pântanos, mangais, rios, charcos e recifes de coral, viveiros de peixes e até arrozais. As Zonas Húmidas – nas quais se incluem ecossistemas de água doce, mas também marinhos e costeiros – desempenham um papel vital na preservação do equilíbrio ecológico, contribuindo significativamente para o bem-estar humano e para a saúde do planeta. Contudo, o crescimento populacional e a urbanização subsequente, os padrões de consumo de água e as alterações climáticas colocaram estas áreas sob uma enorme pressão. A perda das Zonas Húmidas e a poluição intensificaram a crise hídrica que ameaça a vida.
O Dia Mundial das Zonas Húmidas, que se assinala a 2 de fevereiro, por ser a data da adoção da Convenção sobre Zonas Húmidas, em 1971, vem alertar para a necessidade de se aumentar a consciência global acerca do papel vital destas áreas. Esta convenção, que ficou conhecida por Convenção de Ramsar, por ter sido assinada nessa cidade iraniana, tem hoje 171 países signatários, incluindo Portugal.
Embora, de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cubram apenas cerca de 6% da superfície da Terra, 40% de todas as espécies vegetais e animais vivem ou reproduzem-se em Zonas Húmidas. O que as torna muito importantes para a saúde humana e para o sistema alimentar global. Além disso, desempenham um papel crucial na regulação do ciclo da água, na prevenção de inundações, na melhoria da qualidade da água e na absorção de dióxido de carbono.
Os números da destruição das Zonas Húmidas são alarmantes. Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), cerca de 35% destas áreas desapareceram desde a década de 1970. As que restam estão a degradar-se três vezes mais depressa do que as florestas. Em algumas regiões do mundo perderam-se já mais de metade das turfeiras, pântanos, áreas ribeirinhas, zonas litorais e planícies de inundação. Como resultado direto, as espécies das Zonas Húmidas são as que mais diminuem.
Em Portugal, 77% das Zonas Húmidas estão degradadas
Estão identificados no planeta 2.503 Zonas Húmidas de Importância Internacional, denominadas Sítios Ramsar. Portugal tem 31 no seu território, num total de 132.487 hectares.
Na Europa, e no mundo, estas áreas têm sido alvo de crescente degradação, e Portugal não é exceção. Apesar de o país ter assinado a Convenção sobre Zonas Húmidas, em 1980, onde se comprometeu a elaborar planos de conservação e a estabelecer reservas naturais, estima-se que 77% destes habitats, a nível nacional, se encontrem degradados. Esta é a estimativa de um relatório elaborado pelo ICNF, apresentado à Comissão Europeia, no qual foram analisados dados do período entre 2013 e 2018. Sobretudo a seca, mas também a urbanização descontrolada, a agricultura intensiva e as práticas inadequadas de gestão da água são fatores que têm contribuído para o mau estado desses ecossistemas.
A importância do restauro
O restauro das Zonas Húmidas é essencial para a superação da crise climática e para a conservação da biodiversidade, mas também para cumprir o sexto dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, relacionado com a garantia de disponibilidade e gestão sustentável da água potável.
É, por isso, imperativo adotar medidas eficazes para proteger e restaurar estas áreas, tanto a nível local quanto global. Isso inclui a implementação de políticas de conservação, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e o envolvimento ativo das comunidades na preservação desses ecossistemas preciosos. Ao fazê-lo, não só garantimos a sobrevivência de uma diversidade única de vida, mas também salvaguardamos os benefícios inestimáveis que as Zonas Húmidas proporcionam à humanidade e ao meio ambiente.
Florestas que protegem as zonas húmidas
Dada a importância que têm enquanto espaços de biodiversidade, o cuidado com as linhas de água e com as galerias ripícolas está presente na gestão diária que a The Navigator Company faz nos cerca de 109.000 hectares de florestas que gere em Portugal. Um cuidado que se concretiza através de faixas de proteção junto a esses habitats, que interditam ações como movimentação de terras, plantação comercial ou aplicação de produtos químicos. Mas também através da investigação e promoção do conhecimento sobre que recursos e valores estas áreas contêm, de forma a poderem ser desenvolvidos planos de ação para as proteger e/ou restaurar.