Cada vez mais pessoas procuram destinos que lhes permitam não só descansar ou aventurar-se, mas também contribuir para um mundo mais sustentável. É aqui que entra o ecoturismo: uma forma de viajar com consciência, com impacto positivo nos lugares visitados – e também em quem os visita.
Ecoturismo é mais do que visitar florestas, trilhos ou parques naturais. Segundo a The International Ecotourism Society, trata-se de uma forma de viajar que combina três grandes pilares: conservação ambiental, bem-estar das comunidades locais e educação. O objetivo não é apenas ver paisagens bonitas, mas compreendê-las, respeitá-las e deixar algo de bom em troca.
O conceito nasceu nos anos 80, cunhado pelo arquiteto e ambientalista mexicano Héctor Ceballos‑Lascuráin, que utilizou o termo para descrever viagens a áreas naturais que promovem conservação e valorização cultural. Mas é hoje mais relevante do que nunca: em plena emergência climática, e com muitos destinos a sofrerem os efeitos do turismo de massas, o ecoturismo oferece uma alternativa mais equilibrada, que respeita os limites dos ecossistemas e valoriza as culturas locais.
Quando bem planeado, o ecoturismo pode gerar inúmeros benefícios:
✅ Protege a biodiversidade, ao canalizar recursos para áreas naturais e espécies ameaçadas.
✅ Dinamiza a economia local, ao criar empregos sustentáveis e incentivar o empreendedorismo nas comunidades anfitriãs.
✅ Educa e sensibiliza, despertando nos viajantes uma maior consciência ambiental.
Mas atenção: nem tudo o que parece “eco” se revela realmente sustentável. É essencial fazer escolhas informadas, baseadas em algum trabalho prévio na preparação da viagem.
Como ser um ecoturista responsável?
Há algumas perguntas importantes a fazer antes de tomar decisões:
❓ A empresa ou alojamento apoia a conservação local?
❓ Emprega pessoas da região e respeita a sua cultura?
❓ Implementa práticas sustentáveis – como redução de resíduos, uso eficiente da água e energia renovável?
❓ Oferece programas educativos ou experiências que promovam o conhecimento sobre o território?
Viajar de forma responsável começa muito antes da partida, com esta pesquisa rigorosa. Mas continua com o cuidado que mantemos depois da chegada. Há aspetos que um ecoturista nunca descuida, como levar uma garrafa de água reutilizável, respeitar a sinalética dos trilhos, evitar fazer barulho em zonas sensíveis e não tocar (nem alimentar) animais selvagens. O ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas) disponibiliza, no seu site, um “Código de Conduta e Boas Práticas dos Visitantes nas Áreas Protegidas”, cujas indicações se aplicam perfeitamente ao ecoturismo.
Destinos inspiradores pelo mundo
Alguns países têm-se destacado pelo compromisso com o ecoturismo. É o caso da Costa Rica, onde mais de 25% do território é área protegida e onde o turismo é uma ferramenta ativa de conservação e inclusão social. Ou da Nova Zelândia, que alia paisagens vulcânicas a uma forte valorização da cultura Māori. As ilhas Galápagos, no Equador, são outro exemplo de gestão rigorosa de visitantes em prol da proteção ambiental.
Mas não é preciso ir tão longe. Portugal também tem destinos com forte vocação ecológica, aos quais é possível chegar através de uma viagem bem mais curta, logo, mais amiga do planeta. Deixamos apenas alguns exemplos:
➡️ Parque Nacional da Peneda-Gerês: o único parque nacional português, com espécies emblemáticas como o garrano ou o lobo-ibérico, trilhos bem sinalizados e aldeias comunitárias que mantêm tradições ancestrais.
➡️ Geoparque Naturtejo: integrante da rede mundial de geoparques da UNESCO, abrange uma vasta área entre o Tejo e a Beira Baixa, com formações geológicas únicas, percursos pedestres e programas educativos sobre património natural e cultural. Envolve ativamente as comunidades locais e aposta na valorização do território.
➡️ Reserva Natural do Estuário do Sado: refúgio de biodiversidade onde é possível observar golfinhos, fazer passeios sustentáveis de barco e explorar trilhos entre sapais e arrozais. A área protege espécies ameaçadas e combina conservação com atividades turísticas de baixo impacto.
➡️ Açores: arquipélago reconhecido internacionalmente como destino sustentável, onde é possível observar cetáceos, visitar grutas vulcânicas ou fazer caminhadas inesquecíveis – sempre com respeito pela natureza.
Viajar com propósito é escolher experiências que deixam memórias em vez de estragos. É optar por conhecer melhor o mundo sem o desgastar. O ecoturismo convida-nos a abrandar, observar, escutar. E a reconhecer que somos parte do ecossistema, não visitantes exteriores. Se estiver a planear uma viagem, pense nisto: a sua experiência terá impacto – mas é possível garantir que será positivo.