São pequenos bosques nativos, que ajudam a combater as alterações climáticas, a melhorar a qualidade do ar e a proteger a biodiversidade. Estão a transformar áreas urbanas esquecidas em refúgios verdes, com o apoio de organizações ambientais, municípios e cidadãos de todo o país.
A Rede de Miniflorestas de Portugal, lançada oficialmente no final de outubro, pretende fomentar a multiplicação de pequenos espaços verdes nativos no interior das áreas urbanas. O objetivo é mitigar os efeitos do aumento das temperaturas e promover a recuperação da biodiversidade local e a melhoria da qualidade de vida nas cidades.
Estas “miniflorestas urbanas”, ou “microflorestas”, como também são conhecidas, são plantadas segundo o método Miyawaki, uma técnica de plantação que permite a rápida regeneração de vegetação densa e diversificada, mesmo em áreas reduzidas.
A iniciativa reúne várias entidades ligadas ao ambiente, como associações, ONG, municípios e cidadãos, que têm em comum o propósito de tornar as cidades portuguesas mais verdes, resilientes e preparadas para os desafios climáticos.
Benefícios
As miniflorestas urbanas são áreas verdes de pequena escala – geralmente entre 100 e 300 metros quadrados –, onde são plantadas espécies nativas de forma muito densa e com uma significativa variedade de árvores, arbustos e plantas. Esta diversidade e densidade ajudam a recriar um ecossistema natural, num espaço limitado, com muitos benefícios para as zonas urbanas.
Ajudam a mitigar o aumento das temperaturas nas cidades, o chamado efeito “ilha de calor”, ao fornecerem sombras e ao melhorarem a qualidade do ar, através da fixação de carbono e emissão de oxigénio. Além disso, melhoram a permeabilidade do solo, reduzindo o risco de inundações, ao permitirem a retenção e infiltração das águas da chuva. Ao promover a biodiversidade, estas áreas também oferecem habitats importantes para a fauna local, atuando como corredores ecológicos que facilitam o movimento de espécies entre as áreas verdes fragmentadas das cidades.
A rede de miniflorestas em Portugal
Em Portugal, a criação desta Rede já permitiu mapear 30 miniflorestas em várias regiões do país. Estão espalhadas por cidades como Évora, Vila Viçosa, Castro Marim, Faro, Silves, Torres Vedras, Peniche, e também na área metropolitana de Lisboa.
Em 2023, por exemplo, nasceu no Politécnico de Lisboa uma microfloresta urbana com 50 metros quadrados, onde foram plantadas 150 árvores e arbustos de 24 espécies nativas. Localizada junto à Escola Superior de Comunicação Social, na colina adjacente à 2ª Circular, esta minifloresta criada pelo projeto “Ilhas de Biodiversiade” teve como objetivos-base reduzir o ruído dos automóveis, combater a poluição do ar, criar um corredor ecológico e promover a relação da comunidade académica com a biodiversidade.
Claro que já há planos de expansão para os próximos anos. Algumas autarquias locais, interessadas em impulsionar a sustentabilidade urbana, também participam da Rede, ajudando a identificar espaços adequados e promovendo iniciativas comunitárias para plantar e cuidar das miniflorestas, sensibilizar a população, e criar uma rede de apoio e partilha de conhecimentos que fortaleça o movimento.
O método Miyawaki e as florestas rápidas
O método Miyawaki, desenvolvido pelo botânico japonês Akira Miyawaki, é uma técnica de reflorestação rápida baseada no uso de espécies nativas e numa plantação extremamente densa. O método promove a interação entre plantas, o que acelera o crescimento e cria uma vegetação resiliente e autossuficiente. Quando as espécies são plantadas muito próximas, vão competir por luz e recursos, provocando um crescimento mais rápido.
Este método permite que as miniflorestas atinjam uma maturidade equivalente à de uma floresta natural em apenas 20 a 30 anos, ou seja, muito mais rápido do que as técnicas convencionais de arborização, que demoram, em média, 150 a 200 anos.