Plantações de eucalipto e biodiversidade: um equilíbrio possível

22 de Julho 2025

Embora qualquer monocultura de produção possua menos diversidade biológica que as florestas naturais, a rentabilidade dos povoamentos permite investir na criação e proteção de habitats biodiversos.
Os corredores ecológicos e as áreas de conservação fazem parte dos eucaliptais com gestão ativa e certificada.

As florestas de produção contribuem para reduzir a pressão sobre as florestas naturais, onde reside a maior parte da biodiversidade terrestre do planeta. Apesar de as florestas plantadas corresponderem a apenas 7% da floresta mundial, estas fornecem, de acordo com a FAO, cerca de metade das necessidades de madeira da indústria. Mas essa não é a única forma através da qual as florestas plantadas contribuem para a proteção da biodiversidade.
Os estudos provam que, com uma gestão responsável, as plantações florestais, e em particular as de eucalipto, podem ter um papel complementar na preservação da fauna e da flora à escala da paisagem, oferecendo condições de abrigo, de alimentação e de reprodução para várias espécies.

Porque é que isto é importante? Porque o desenvolvimento das civilizações e o crescimento da população, que quadruplicou nos últimos 100 anos, levou à transformação dos ecossistemas naturais, causando uma redução global da biodiversidade responsável por muitos dos serviços que estes prestam – os chamados serviços do ecossistema. Estes incluem, entre outros, o sequestro de carbono e a regulação do clima, a formação e conservação do solo, a filtragem do ar, a polinização, e a redução do impacto das catástrofes naturais, afetando direta ou indiretamente quase todas as áreas de atividade humana. De acordo com a estimativa do Fórum Económico Mundial, em 2020 mais de metade da riqueza produzida globalmente – 40 biliões de euros – dependia da biodiversidade. O seu declínio global acelerado é, por isso, um dos maiores desafios da sociedade atual, e a sua conservação é também um objetivo da indústria de base florestal, que inclui a fileira do eucalipto.

O contributo dos eucaliptais

Tendencialmente, as florestas naturais possuem uma biodiversidade maior do que qualquer plantação, seja florestal ou agrícola, mas, ainda assim, as florestas de produção desempenham um papel essencial na sua conservação. Por exemplo, muitas vezes substituem outros ecossistemas degradados pelos seres humanos, sendo capazes de suportar maior diversidade biológica que estes. Além disso, contribuem para proteger as florestas naturais da já referida necessidade crescente de materiais, permitindo que estas sejam conservadas como refúgios de biodiversidade.

Em Portugal, as plantações de eucalipto ajudam a reduzir a importação de madeiras de outras partes do mundo, diminuindo também, assim, o impacto da extração e transporte de espécies de outras origens.

Como a maioria das plantações de eucalipto foram instaladas em terrenos abandonados, em incultos, ou em áreas anteriormente ocupadas por pinheiro-bravo ou eucalipto, não houve perda significativa de biodiversidade.
Nas plantações de eucalipto recentes, surgem espécies como tojos ou urzes, e à medida que as copas se tornam mais densas, as espécies mais dependentes da luz dão lugar a espécies mais tolerantes à sombra ou mais típicas dos habitats naturais, como é o caso dos carvalhos.

Os eucaliptais registam, também, uma elevada diversidade de alguns grupos de animais. As observações comprovam que a fauna nativa, particularmente formigas e roedores, usa as sementes de eucalipto como alimento, e uma grande diversidade de insetos prefere a casca desta espécie para se abrigar, em comparação com o sobreiro, por exemplo. Vários estudos identificam também a floração do eucalipto, que ocorre no inverno, como uma das fontes de néctar para a produção de mel em Portugal, contribuindo para a preservação das abelhas.

As plantações florestais podem ainda aumentar a conectividade entre habitats naturais, favorecendo a dispersão e a persistência de espécies em paisagens que são dominadas por pastagens ou áreas agrícolas. Estudos realizados pela Universidade de Aveiro e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal Continental, mostram que os eucaliptais são usados por vários vertebrados (veados, raposas, javalis, lebres, pequenos mamíferos, entre outros) e podem ter um papel na sua conservação, sobretudo quando são mantidos espaços naturais no interior ou nas zonas limítrofes das plantações.

Sendo a conservação da biodiversidade uma parte integrante da gestão florestal responsável, que pressupõe a condução dos povoamentos de forma compatível com a proteção dos recursos naturais, os estudos indicam que os impactos sobre a diversidade biológica se devem aos modelos de silvicultura usados na gestão dos eucaliptais, e não nas características específicas do eucalipto.

Na prática…

A gestão florestal responsável que a The Navigator Company implementa nos cerca de 109 mil hectares que tem sob a sua responsabilidade em Portugal, inclui medidas concretas que promovem não só a conservação da biodiversidade existente, como a obtenção de ganhos a este nível. Fazem parte dessa estratégia:

✅ A criação de zonas tampão de proteção aos cursos de água, onde não é realizada a plantação produtiva;

✅ A suspensão de intervenções em períodos que coincidam com fases críticas do ciclo de vida das espécies (como a reprodução);

✅ E o investimento na manutenção, monitorização e restauro de áreas com valor de conservação, protegendo espécies e habitats valiosos.

A biodiversidade é uma parte integrante da gestão florestal responsável, que assume a compatibilidade da produção com a conservação dos valores naturais.