Eucalipto globulus: uma super matéria-prima
12 de Junho 2025
O Eucalyptus globulus tem características específicas que fazem dele uma matéria-prima de excelência, oferecendo a Portugal um forte argumento competitivo e estratégico no contexto da nova bioeconomia de base florestal.
Já não se trata apenas de pasta e papel de impressão e escrita – produtos em que Portugal se tornou uma referência mundial graças ao Eucalyptus globulus. Esta espécie florestal está a revelar-se uma matéria-prima inigualável no desenvolvimento de novos bioprodutos – desde logo no setor da embalagem – que vêm dar resposta às necessidades de uma economia de futuro, com produtos e processos mais circulares e sustentáveis. Descubra os superpoderes que tornam o globulus especialmente apto enquanto base de soluções para os desafios do presente.
Menos cargas químicas
Uma composição e estrutura química com maior teor de celulose e hemiceluloses, e menor teor de lenhina, permite a redução até 20% de cargas químicas no processo industrial, bem como rendimentos de produção de pasta celulósica superiores em mais de 10% face a outras espécies de madeira de folhosas.
Menos energia
O teor mais elevado de hemiceluloses permite igualmente um menor consumo de energia no processo e maiores resistências mecânicas no fabrico de papel, quando comparado com outras folhosas.
Menos água
Como consequência do menor conteúdo em lenhina e dos menores consumos de químicos, o processo industrial também utiliza menos água, em comparação com o uso de madeira de outras espécies; havendo menos compostos a retirar nas lavagens e branqueamento das fibras, há também menos efluentes a reciclar ou a tratar.
Menos madeira
A elevada densidade permite que, para a mesma quantidade de pasta, seja necessária menos quantidade de madeira. O consumo de madeira do E. globulus pode ser inferior até 20% face a outras espécies.
Papéis de maior qualidade
O E. globulus tem uma estrutura celular com paredes espessas, elevada proporção de fibras curtas e ainda um número de fibras por unidade de massa superior a outras espécies; em consequência, permite, por exemplo, a obtenção de papéis de impressão e escrita com elevada opacidade e lisura, mas também papéis de embalagem com menos quantidade de fibra, mas com propriedades mecânicas equivalentes, bem como papéis higiénico-sanitários com maior suavidade.
Mais ciclos de reciclagem
As características particulares das fibras de E. globulus permitem até seis vezes mais ciclos de reciclagem do que as fibras de outras espécies de eucalipto ou de outras folhosas ou resinosas; no papel kraftliner para embalagem, as fibras de E. globulus resistem até cinco vezes mais ciclos de reciclagem do que as fibras de pinheiro-de-casquinha, uma vantagem no domínio de economia circular.
Mais papel com menos madeira
A fibra do eucalipto permite produzir os mesmos metros quadrados de papel de embalagem, utilizando apenas metade da madeira que seria necessária no caso de utilização de resinosas nórdicas. Com um grande rendimento da sua madeira, um rápido crescimento da espécie na floresta, e a possibilidade de produzir papéis de gramagem inferior, o Eucalyptus globulus permite produzir uma área de papel ou cartão cinco a sete vezes superior, quando comparado com a mesma área de floresta da espécie pinheiro nórdico.