Há árvores com características especiais: seja pela sua representatividade, raridade, porte, idade, história ou valor cultural. É para protegê-las que existe a classificação de Árvore de Interesse Público. No nosso país existem vários exemplares de eucaliptos que receberam este “selo”. Vale a pena conhecê-los.
Através da classificação de árvores, ou conjuntos de árvores, como de Interesse Público, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) alerta para a sua cuidadosa conservação. Chama-lhes Monumentos Vivos, uma expressão que reflete a ideia de património cuja relevância justifica a proteção legal. A classificação é um instrumento que pode tornar-se também uma importante fonte de valorização e divulgação desse património e servir de estímulo para um maior envolvimento da sociedade na sua identificação e preservação.
Fomos à procura dos eucaliptos que existem nesta lista de Árvores de Interesse Público. Destacamos alguns, dizendo-lhe onde estão e qual a sua história. Para que possa, depois, descobri-los in loco.
A maior árvore classificada de Portugal: por ela, desviou-se a estrada
Da espécie Eucalyptus globulus, o eucalipto de Contige, no concelho de Sátão, distrito de Viseu, foi plantado em 1878 e é considerado a maior árvore classificada de Portugal. Tem 43 metros de altura, 34 metros de copa e um impressionante tronco com mais de 11 metros de perímetro. A sua história e dimensão valeram-lhe a classificação, em 1964, de Árvore de Interesse Público.
Situa-se na beira da EN 229, na saída para a E.M. 583. Na época da construção da estrada nacional, foi decidido desviar o seu traçado, de forma a preservar este eucalipto monumental.
O eucalipto de Contige é um dos 10 finalistas candidatos à representação de Portugal no concurso europeu Árvore do Ano 2023. A candidatura foi apresentada pela Junta de Freguesia de Sátão e visa celebrar a beleza, o tamanho e a idade deste espécime raro, mas também exaltar a relação histórica que a população local tem com a árvore: “O Eucalipto de Contige tornou-se uma parte maior desta comunidade, engrandecendo relações entre as pessoas, porquanto identifica a freguesia fora do concelho e fora do país”.
Eucalyptus globulus de Contige, candidato a árvore portuguesa do ano.
A árvore mais alta da Europa
Sabia que a árvore mais alta da Europa se encontra em Portugal? Está na Mata Nacional de Vale de Canas, perto de Coimbra, e trata-se de um Eucalyptus diversicolor, com 73 metros de altura. O título de “mais alto da Europa” refere-se exclusivamente à altura.
O eucalipto da Mata Nacional de Vale de Canas foi plantado por volta de 1875. O nome diversicolor refere-se à diferente coloração da parte superior e inferior das suas folhas.
Não é fácil chegar a este majestoso eucalipto. Apesar de ser um exemplar de interesse público, não há placas de indicação na estrada, e mesmo os habitantes da aldeia próxima estão pouco informados. Há uma placa de informação à entrada da Mata, mas a quase um quilómetro da árvore. Apesar das eventuais dificuldades, vale a pena procurar e visitar este E. diversicolor tão especial.
No Bussaco: o maior da espécie Eucalyptus regnans
O Eucalyptus regnans é uma espécie rara em Portugal. O exemplar de interesse público localizado ao cimo do Vale dos Fetos, na Mata Nacional do Bussaco, é o maior desta espécie medido até ao momento em Portugal, com cerca de 72,6 metros. A data da sua plantação não é certa, mas estima-se que terá sido por volta de 1880.
Arboretos, quando o interesse é coletivo
O arboreto da Quinta de Santo Inácio de Fiães, na freguesia de Avintes, Vila Nova de Gaia, é todo ele classificado de interesse público. Inclui exemplares de Eucalyptus globulus, Eucalyptus amygdalina, Eucalyptus linearis, Eucalyptus obliqua, Eucalyptus robusta e Eucalyptus longifolia. O parque cobre uma área aproximada de 3,5 hectares.
Na Gachinha, em Alcácer do Sal, há um conjunto classificado de vinte Eucalyptus camaldulensis centenários, que formam uma alameda que separa a estrada dos arrozais da Ribeira de Santa Catarina. De troncos grossos e copas amplas, alinham-se numa fileira não contínua entre o Km 28 e o Km 29 da EN 253.
A casa das cegonhas
Há outro Eucalyptus camaldulensis famoso, na berma da EN 118, a cerca de 1 km a sul da Vila da Chamusca, em Santarém. Este exemplar centenário alberga vários ninhos de cegonha-branca.