Florestas em miniatura: um mundo de beleza oculta

10 de Agosto 2023

Passear pela floresta como um Gulliver em Lilliput pode ser uma experiência fascinante…

Entre as árvores de um pequeno bosque ou de uma extensa floresta, existe um mundo em miniatura, surpreendentemente bonito, em que a natureza mostra toda a sua grandiosidade.

Compostas principalmente por musgos, líquenes, hepáticas e alguns fetos, estas “florestas em miniatura” são verdadeiros tesouros escondidos. Trata-se de ecossistemas delicados e complexos, de grande beleza, com uma diversidade de formas, texturas e cores verdadeiramente surpreendente. Quando se toma consciência da sua existência, descobre-se um mundo novo e diversificado para explorar.

Estes organismos têm uma notável capacidade de sobrevivência e adaptação, sendo muitos deles extremamente resistentes e capazes de reprodução vegetativa, ou clonal, como também é conhecida. Explicando de uma forma simples, é uma reprodução assexuada, que consiste na fragmentação de um órgão vegetativo, que depois brota, dando origem a outro indivíduo.

Por se tratar de plantas maioritariamente não vasculares, ou seja, sem tecidos condutores de seiva, estas miniaturas absorvem a humidade diretamente através da sua superfície. Daí sobreviverem mais facilmente em locais que permanecem húmidos. É aqui que devemos procurá-las, independentemente de ser no solo, em rochas, em ramos caídos ou em plantas vasculares, como as árvores. Na realidade, até mesmo nos ambientes citadinos podemos encontrar alguns destes musgos e hepáticas.

Observar e cuidar!

Para conseguir observá-las, a aproximação é fundamental. E por aproximação entenda-se inclinar-se ou mesmo ajoelhar-se! Nesta atividade é preciso adotar uma abordagem atenta e paciente. É necessário pensar em frações de centímetro e, por isso, uma lupa ou uma objetiva são ferramentas essenciais. Na maioria das situações, uma lente com ampliação de 10 vezes é suficiente e, nestes casos, o ideal é colocá-la a uma distância de 2,5 centímetros.

Aproximação feita, há todo um minimundo a explorar, com cores vibrantes, padrões delicados de ramificações, verrugas, cristas e outras formas fascinantes, muitas vezes semelhantes a cenários de contos de fadas. Neste universo, até os nomes são encantadores: sol-das-árvores, musgo-rabo-de-gato ou hepática-de-orelhas, são apenas alguns exemplos.

Embora sejam espécies quase sempre perenes, a melhor altura para as procurar é depois de uma chuvada, pois muitas delas são poiquilohídricas – um “palavrão” que significa que, depois de secas, são capazes de reidratar completamente e voltar rapidamente à vida. Independentemente da estação do ano, os dias húmidos são, portanto, os melhores para observar estes mundos liliputianos.

No entanto, não se esqueça que é essencial agir de forma responsável. Embora resilientes, estas florestas em miniatura são sensíveis à presença humana. A recolha indiscriminada, o pisoteamento frequente e a destruição do habitat podem ter efeitos devastadores para estes preciosos ecossistemas.

Sabia que os musgos e as hepáticas são originários de há mais de 400 milhões de anos e ajudam os cientistas a entender a evolução da vida?