Florestas terapêuticas: o impacto das árvores na saúde mental

21 de Agosto 2023

O poder regenerador das árvores não é novidade para os amantes da natureza e as evidências científicas têm sido cada vez mais conclusivas: passar tempo em espaços verdes, promove a felicidade e a saúde.

Ao longo dos anos, uma quantidade cada vez maior de pesquisas tem demonstrado que estar regularmente em ambientes com árvores traz benefícios para o bem-estar. Estes estudos são unânimes em considerar as árvores como agentes regeneradores da tranquilidade e promotores da memória, da capacidade de concentração, do funcionamento cognitivo, da regulação da pressão arterial e da diminuição dos níveis de cortisol no organismo.

Um estudo realizado na cidade alemã de Leipzig, por uma equipa da universidade britânica de Montfort, concluiu factos tão impressionantes como estes:

🌳 Viver a menos de 100 metros de uma árvore reduz as taxas de depressão;

🌳 Os habitantes das cidades, com acesso a espaços verdes adequados, sofrem menos 31% de stress psicológico;

🌳 Por cada 1% de aumento nos espaços verdes, os residentes urbanos têm uma diminuição correspondente nos níveis de stress;

🌳 As crianças que vivem perto de espaços verdes correm menor risco de desenvolver problemas de saúde mental na idade adulta.

A equipa, liderada pela professora de psicologia Melissa Marselle, propôs-se a estudar a relação entre a flora urbana e o bem-estar dos habitantes das cidades. Além de concluir que, no caso estudado, a proximidade de árvores correspondia a uma menor taxa de prescrição de antidepressivos, também constatou que esta ligação era mais forte nos bairros com rendimentos mais baixos.

“Os nossos resultados sugerem que as árvores de rua, uma forma de espaço verde urbano de pequena escala e acessível ao público, podem ajudar a colmatar as desigualdades em matéria de saúde”, afirmou Marselle, no site da Universidade de Montfort.

O desenvolvimento de espaços verdes urbanos para a promoção da saúde mental, tem cada vez mais defensores. Segundo a maior organização mundial dedicada à plantação de árvores, a Arbor Day Foundation, “mais de metade da população mundial vive atualmente em zonas urbanas e prevê-se que esse número aumente para 68% até 2050. Os residentes urbanos têm 20% mais probabilidades de sofrer de depressão e 21% mais probabilidades de sofrer de perturbações de ansiedade”.

Em declarações publicadas no website desta organização, Peter James, o investigador da Universidade de Harvard que estuda, há cerca de dez anos, a relação dos espaços verdes com a saúde mental, defende-os como “um motor fundamental dos resultados de saúde e uma parte essencial da nossa prosperidade como seres humanos”.

Banho de floresta

No que a espaços verdes diz respeito, parece não haver melhor do que um “banho de floresta”. Os japoneses usam-no há muito e chamam-lhe “shinrin-yoku”. O termo, que significa “mergulhar na atmosfera da floresta”, refere-se a uma terapia, cujos benefícios são explicados por Yoshifumi Miyazaki, antropólogo da Universidade de Chiba, no Japão. Segundo este investigador, a prática do “banho de floresta” permite reduzir a tensão muscular e a pressão sanguínea, fortalecer o sistema imunitário, diminuir o stress, acelerar a recuperação na doença, melhorar a qualidade do sono, aumentar a capacidade de concentração e reforçar a intuição.

Estes benefícios são reconhecidos por muitos outros cientistas. Num estudo de 2020 publicado pelo International Journal of Environmental Research and Public Health, os investigadores descobriram uma “correlação positiva significativa entre a natureza, a atenção plena e as medidas de bem-estar psicológico” quando se praticam banhos de floresta.

Outro estudo, publicado na revista Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, demonstrou que os banhos de floresta apresentam aplicações úteis para uso clínico e são uma opção terapêutica viável para as pessoas que sofrem de ansiedade, depressão e outros fatores de stress a nível da saúde mental.